Unicórnio Neon corta 9% da equipe para ‘enfrentar desafios macroeconômicos’

Cortes foram feitos ‘com base nos ciclo de avaliação de performance recorrentes e despriorização de algumas iniciativas’, segundo a fintech que atua com

Startups brasileiras de todos os tamanhos continuam a anunciar cortes de profissionais neste começo de 2023
15 de Fevereiro, 2023 | 07:03 PM

Bloomberg Línea — O Neon, fintech que se tornou unicórnio em 2022, demitiu o equivalente a 9% de sua equipe, cerca de 210 pessoas. A empresa tinha cerca de 2.000 funcionários antes do corte.

A startup disse que fez os ajustes necessários no seu quadro de funcionários como “forma de fazer frente aos desafios macroeconômicos deste ano”, conforme nota à imprensa nesta quarta-feira (15).

Os cortes foram feitos “com base nos ciclos de avaliação de performance recorrentes e despriorização de algumas iniciativas”, segundo o Neon, que disse ainda que os ajustes são fundamentais para preservar o que a eficiência operacional exige: manter a sustentabilidade do negócio sem prejudicar o cliente final.

Demissões em massa atingiram as startups em 2022 e continuam em 2023, à medida que a as taxas de juros sobem, a demanda por serviços de tecnologia desacelera em relação ao pico na pandemia, e os investidores pedem melhores resultados em detrimento de crescimento a qualquer custo.

PUBLICIDADE

Segundo um novo estudo da Lavca (Associação para Investimento em Capital Privado na América Latina, na sigla em inglês), 34% das startups da América Latina consideram demissões em massa como uma alternativa para navegar pelo cenário macroeconômico de 2023 - isso para estender seu dinheiro em caixa por mais tempo sem precisar de novas captações.

Em janeiro, o Neon fez uma captação de R$ 331 milhões por meio da segunda emissão de seu Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), que adquire direitos de recebíveis originados por cartões de crédito.

O Neon recebeu uma das poucas grandes rodadas em startups do país no ano passado, captando cerca de R$ 1,6 bilhão (US$ 300 milhões) em um investimento Série D liderado pelo banco europeu BBVA.

PUBLICIDADE

Também em 2022, o Neon adquiriu a Leve, empresa de tecnologia financeira para crédito consignado privado. Também recebeu autorização do Banco Central para assumir o controle e concluir a operação de compra da financeira Biorc, realizada em dezembro de 2021, passando a atuar diretamente em operações de crédito e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro.

Fundado em 2016, o Neon oferece cartão de débito e crédito sem anuidade, empréstimo pessoal, consignado, investimentos em CDB e contas de pagamento. O banco digital diz ter mais de 22 milhões de clientes, entre pessoas físicas e MEIs (microempreendedores individuais).

Leia também

Neon aposta em social finance de olho em concorrência com big techs

Como ficam os salários de recém-formados em techs após onda de demissões

Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups