Em reunião com BC, analistas alertam contra aumento da meta de inflação

Economistas expressaram visão unânime de que tal medida provavelmente teria efeito contrário ao desejado por Lula e, eventualmente, levaria a mais inflação

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Bloomberg — Economistas disseram ao Banco Central que aumentar as metas de inflação agora só levantaria questões sobre o compromisso do governo com uma política fiscal e monetária sólidas, segundo sete participantes da reunião com diretores da autoridade monetária nesta segunda-feira disseram à Bloomberg News.

Os economistas expressaram uma visão unânime de que tal medida, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressiona por juros mais baixos, provavelmente sairia pela culatra e, eventualmente, levaria a mais inflação, taxas de juros mais altas e uma economia mais fraca, disseram os participantes, que pediram anonimato ao descrever detalhes de uma discussão privada.

A diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, receberam os economistas na sede do Banco Central em São Paulo, a primeira reunião presencial desde a pandemia. Também esteve presente uma representante do Ministério da Fazenda. Todos se abstiveram de fazer comentários, como de costume, disseram os participantes.

O governo está considerando uma revisão antecipada das metas de inflação, já que Lula reclama que os juros de 13,75% impossibilitam o crescimento da economia. Enquanto o presidente questiona a recém-aprovada lei de autonomia do Banco Central, a atenção dos investidores se volta para o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que ainda nesta segunda-feira (13) fará uma rara aparição no Roda Viva, da TV Cultura.

Opção “menos pior”

Embora ninguém pense que mais tolerância à inflação levará a taxas de juros mais baixas no futuro, alguns economistas disseram que, se uma meta mais alta é inevitável, a opção menos pior seria estabelecê-la em 3,5% agora para limitar os danos de meses de incerteza, segundo um dos participantes. O Conselho Monetário Nacional tradicionalmente discute as metas de inflação em junho, mas pode ter essa discussão já nesta semana, durante uma reunião ordinária marcada para 16 de fevereiro.

Se o fizerem, uma comunicação clara será a chave para sinalizar se a meta é final ou apenas um passo intermediário em direção a objetivos ainda maiores, acrescentaram dois participantes.

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