Bridgewater, de Ray Dalio, terá mulher como head de investimentos pela 1ª vez

Karen Karniol-Tambour, 37 anos, vai comandar a maior gestora de fundos hedge do mundo, que administra US$ 125 bilhões, ao lado de Greg Jensen e Bob Prince

Karen Karniol-Tambour assumirá como co-CIO do maior fundo hedge do mundo, fundado por Ray Dalio (Bloomberg)
Por Sonali Basak
02 de Fevereiro, 2023 | 12:34 PM

Bloomberg — A Bridgewater Associates nomeou Karen Karniol-Tambour como co-head de investimentos, enquanto continua reorganizando a sua liderança depois que o bilionário fundador Ray Dalio abriu mão do controle da maior gestora de fundos hedge do mundo, que administra US$ 125 bilhões.

Karniol-Tambour, 37 anos, dividirá o título de CIO com Greg Jensen, 48, e Bob Prince, 64, tornando-a a primeira mulher a ocupar o cargo de investidora mais sênior na Bridgewater.

A investidora ingressou na empresa logo após a faculdade em 2006 e em dois anos começou a trabalhar em estreita colaboração com os dois co-CIOs e Dalio no auge da crise financeira de 2008.

Karniol-Tambour então subiu na hierarquia para liderar a área de research e, mais recentemente, atuou como co-CIO de sustentabilidade.

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“Conheço Karen desde que a recrutei para a Bridgewater no último ano da faculdade e, durante todo esse tempo, admiro como ela vive nossos valores”, disse Jensen em um e-mail para a equipe visto pela Bloomberg News.

“Temos sorte de tê-la liderando no mais alto nível da Bridgewater e estou entusiasmado por tê-la como parceira ainda mais próxima de nossa equipe de liderança daqui para frente.”

A Bridgewater está aumentando o posto de head de investimentos menos de quatro meses depois que Dalio deixou o cargo de co-CIO e cedeu o controle da empresa que fundou após 47 anos.

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Os co-diretores executivos da Bridgewater, Nir Bar Dea e Mark Bertolini, têm deixado sua marca na gestora desde que assumiram o cargo em janeiro de 2022.

A nomeação de Karniol-Tambour é notável em uma indústria ainda dominada por homens. Também faz parte de uma transição de liderança destinada a reprogramar a empresa para um futuro além de Dalio, algo que Bar Dea chamou de “batalha imperdível”.

Desafio para fundos hedge

As mudanças ocorrem em um momento em que o fundo hedge - equivalente aos multimercados no Brasil - da gestora lutou para ganhar dinheiro durante grande parte da última década e ficou atrás de seus pares em 2022, que foi um ano de destaque para a maioria dos gestores macro, já que as altas taxas de juros e a volatilidade do mercado encerraram um longo período de seca para a estratégia.

A indústria de fundos hedge perdeu mais de US$ 200 bilhões no ano passado, segundo a LCH Investments, embora os fundos macro tendam a superar os outros.

O principal fundo Pure Alpha II da Bridgewater teve um retorno de 9,5% no ano passado, depois que o fundo devolveu grande parte de seus ganhos no quarto trimestre. Até setembro, o fundo havia subido quase 35%. As previsões da gestora para o aperto do Federal Reserve acabaram sendo excessivamente drásticas, de acordo com um relatório da Institutional Investor no mês passado.

Os outros dois CIOs, além de Karniol-Tambour, e a Bridgewater previram o retorno a um ambiente econômico semelhante ao da década de 1970. Prince disse à Bloomberg News no mês passado que “outro sapato cairá na economia” e que as forças que sustentam a inflação ainda estão se formando.

Karniol-Tambour atuou nos comitês comerciais e de investimento da Bridgewater.

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