Americanas já encolhe: Vibra encerra parceria de 1.300 lojas de conveniência

Joint venture iniciada em fevereiro de 2022 opera as marcas Local e BR Mania em ruas e postos; companhia tem como presidente do conselho Sergio Rial

Local, marca da Americanas para lojas de conveniência em parceria com a Vibra, que será desfeita (Dado Galdieri/Bloomberg)
23 de Janeiro, 2023 | 10:32 PM

Bloomberg Línea — A Americanas (AMER3) começa a sofrer de maneira mais evidente na sua operação os efeitos de sua crise, que a levou a pedir recuperação judicial com uma dívida de R$ 43 bilhões e 16.300 credores. A empresa foi notificada nesta segunda-feira (23) pela Vibra Energia (VBBR3, ex-BR Distribuidora) sobre o encerramento da joint venture iniciada em fevereiro de 2022 para a operação de lojas de conveniência em ruas e em postos de combustíveis.

Atualmente, são 1.300 lojas com as marcas Local e BR Mania, o equivalente a 36% do total de 3.601 lojas do grupo varejista, na parceria chamada Vem Conveniência. Cada parte tem 50% da joint venture.

Dessas, 60 são da Local, que ficarão com a Americanas, e 1.240, da BR Mania, que serão operadas pela Vibra. Ou seja, a empresa varejista passará a contar com 2.361 lojas e ficará um terço menor nesse critério.

“À luz dos recentes acontecimentos envolvendo a Americanas, que podem constituir alterações em premissas basilares que conduziram à celebração da parceria, com potenciais impactos à Vem Conveniência, a companhia informa que, nesta data, por determinação do seu conselho de administração, notificou a Americanas para imediato encerramento da Parceria, tendo iniciado os trâmites e procedimentos necessários para seu desfazimento”, diz a Vibra no fato relevante distribuído na noite deste segunda.

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Segundo a Vibra, que tem como presidente do conselho de administração justamente Sergio Rial, ex-CEO da Americanas, o procedimento para desfazer a parceria já estava estabelecido nos instrumentos da mesma” e terá o retorno dos negócios - Local e BR Mania - para os respectivos sócios originais.

Rial participou ativamente do anúncio do rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões no último dia 11, que deu início a um dos maiores escândalos corporativos da história do país.

A joint venture era uma das apostas da Americanas para acelerar o crescimento levando em conta a capilaridade das lojas com tamanho menor, a exemplo do adotado por outras redes. No terceiro trimestre, o volume bruto de mercadorias transacionadas havia crescido 27% na comparação anual e 22% no conceito mesmas lojas com a bandeira BR Mania.

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A Americanas enfrenta também o desafio de manter a operação das cerca de 2.360 demais lojas e de um marketplace com 150 mil sellers (vendedores) com o caixa limitado a R$ 800 milhões - na data do pedido de recuperação judicial. Tem ainda a desconfiança crescente de bancos que costumavam fornecer capital de giro, de fornecedores e sellers que vendiam produtos e dos próprios clientes.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.