Ação da Americanas chega a virar ‘penny stock’ com recuperação judicial

Papel sai a R$ 0,99 no primeiro leilão na bolsa brasileira um dia após obter proteção contra credores na Justiça de forma definitiva (por 180 dias pelo menos)

Um dia após entrar em recuperação judicial, ação da Americanas começa o pregão da B3 negociada em leilão
20 de Janeiro, 2023 | 11:28 AM

Bloomberg Línea — Depois de ter alcançado uma cotação acima de R$ 35,00 no ano passado, a ação da Americanas (AMER3) chegou a se tornar uma “penny stock” (preço abaixo de R$ 1) nesta sexta-feira (20) um dia após entrar em recuperação judicial (RJ) com uma dívida estimada em R$ 43 milhões. No início das negociações, o papel foi negociado a R$ 0,99, queda de 1% em relação ao fechamento de ontem (R$ 1).

Por volta das 11h15, o papel já se recuperava e era negociado a R$ 1,17, com alta de 17%.

As principais atualizações sobre o caso Americanas nesta manhã são:

  • Subiu para 7 o número de processos administrativos abertos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para investigar as suspeitas de irregularidades no caso do rombo de R$ 20 bilhões;
  • O grupo divulgou, ontem à noite, a íntegra do diferimento (aceite) do pedido de recuperação pelo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro; a empresa obtém proteção contra credores por pelo menos 180 dias, em prazo prorrogável;
  • O ex-CEO Migue Gutierrez está na Espanha, divulgou o Valor Econômico. Ele comandou a Americanas por 30 anos e ocupava o cargo antes de Sergio Rial, que revelou o rombo;
  • As ações da Americanas serão excluídas de 14 índices da B3 após o fechamento do pregão desta sexta-feira, como determinam as regras da Bolsa para companhias em RJ;
  • A CVM informou que agências de classificação de risco (rating) e coordenadores de ofertas públicas da Americanas serão investigados. Uma força-tarefa foi montada para a apuração;
  • O BV (ex-Banco Votorantim) respondeu que não comentará a petição de RJ da Americanas, que citava que a instituição “usurpou ilicitamente” recursos da companhia.

O caso da Americanas se tornou a quarta maior recuperação judicial da história corporativa do país, somando R$ 43 bilhões em dívidas e cerca de 16.300 credores, segundo o levantamento dos escritórios Lara Martins Advogados e Mingrone e Brandariz Advogados. Veja a seguir:

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  1. Odebrecht: R$ 80 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2019, ainda em aberto.
  2. Oi: R$ 65 bilhões em dívidas. Recuperação finalizada em 2022, após seis anos.
  3. Samarco: R$ 55 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2021, ainda em processo.
  4. Americanas: R$ 43 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2023.
  5. Sete Brasil: R$ 19 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2016, ainda em processo.
  6. OGX: R$ 12,3 bilhões em dívidas. Recuperação iniciada em 2014 e finalizada em 2017.

Com a Americanas em recuperação judicial, aumenta a lista de companhias com ações na B3 listadas sob o título de “Recuperação Judicial”. Atualmente, são 18 companhias em RJ na bolsa brasileira.

Até o fechamento de ontem, oito ações foram negociadas na B3 valendo menos de R$ 1, segundo levantamento da Economática: PDG Realty (PDGR3), da área de incorporação imobiliária e em recuperação judicial, era a “penny stock” mais barata (R$ 0,14), seguida por Nexpe (NEXP3) a R$ 0,29, Viver (VIVR3) a R$ 0,49, Recrusul (RCSL4) a R$ 0,60, João Fortes (JFEN3) a R$ 0,68, Tecnosolo (TCNO4) a R$ 0,85, Triunfo Participações (TPIS3) a R$ 0,90 e Westwing (WEST3) a R$ 0,91. Ontem fecharam a R$ 1 as ações de Americanas, Bombril (BOBR3) e Enjoei (ENJU3).

(Atualiza às 13h10 com levantamento da Economática)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.