Brasília em off: o mediador do diálogo entre Lula e Bolsonaro

A avaliação é que Tarcísio de Freitas, governador de SP, precisará entrar em campo para acalmar os ânimos para o país ter um mínimo de normalidade institucional

Tarcísio de Freitas (segundo à direita) conversa com Lula, observado por Rui Costa (de cinza), ministro da Casa Civil
Por Martha Beck
15 de Janeiro, 2023 | 11:14 AM

Bloomberg — O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, terá pela frente um trabalho extra além de comandar o maior estado do país: intermediar o diálogo político entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o novo governo.

Depois dos atos violentos de radicais que apoiam Bolsonaro no dia 8 de janeiro em Brasília, o temor de interlocutores do governador é que o clima de polarização aumente ainda mais dependendo de como as investigações forem conduzidas e também de como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes trate o assunto.

A avaliação é que Tarcísio precisará entrar em campo para acalmar os ânimos, pois o país precisa de um mínimo de normalidade institucional. Se houver um tensionamento ainda maior de qualquer um dos lados, as consequências serão ruins para a governabilidade não apenas do governo federal mas também de estados e municípios.

A incerteza das receitas

Se a equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avalia que a projeção de receitas está subestimada no Orçamento de 2023, o mesmo não vale para alguns governos estaduais. Impactados pelas perdas com isenções tributárias para combustíveis e pela menor estimativa de crescimento neste ano, secretários de Fazenda estão colocando todas as receitas na ponta do lápis e refazendo projeções para o resto de 2023.

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Lembrado sobre visão oposta à da equipe de Haddad, um assessor de governo estadual fez piada com um engano cometido pelo ministro durante uma entrevista. Haddad confundiu Conselho Monetário Nacional (CMN) com Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Quem confunde CMN com CVM também confunde outras coisas, brincou.

Mercadante paz e amor

O novo comandante do BNDES, Aloizio Mercadante, tem feito um discurso market friendly para afastar a visão negativa do mercado financeiro em relação a seu nome. Mesmo assim, tem sido alvo não apenas dos investidores que ainda temem que o banco de fomento retome a política do passado de promoção de campeões nacionais mas de interlocutores do governo, que acham que ele ainda cobiça o Ministério da Fazenda.

Extinção de cargos

Entre as mudanças promovidas pelo novo governo dentro da estrutura de cargos está a extinção de adidâncias que haviam sido criadas em outros países para acomodar aliados. Uma delas era um escritório de promoção de negócios que estava sendo comandado por Carlos da Costa, ex-secretário de Produtividade na gestão do ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Segundo pessoas que trabalharam com Guedes na equipe econômica, foi o primeiro passo acertado do time de Haddad.

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