Ex-CEO da Celsius Network é processado em NY após quebra da empresa de cripto

Alex Mashinsky é acusado pela Procuradoria-Geral de Nova York de enganar investidores; empresa operava serviço de empréstimos que usava depósitos em criptomoeda como garantia

Executivo teria enganando centenas de milhares de investidores, que tinham bilhões de dólares em criptomoedas, segundo acusação da Procuradoria-Geral de Nova York
Por Erik Larson
05 de Janeiro, 2023 | 03:08 PM

Bloomberg — O ex-CEO da Celsius Network, Alex Mashinsky, foi processado por fraude pela procuradora-geral de Nova York - na mais recente consequência da turbulência no setor de criptoativos. A Celsius Network, que operava um serviço de empréstimos usando criptomoedas como garantia, foi uma das primeiras empresas do setor a sofrer com a queda dos preços dos criptoativos e entrou em recuperação judicial em julho de 2022, um mês depois de congelar os saques dos clientes.

Segundo a acusação contra Mashinsky, o cofundador da Celsius teria enganando centenas de milhares de investidores, que tinham bilhões de dólares em criptomoedas. Mashinsky teria dado repetidas declarações supostamente falsas e enganosas sobre a segurança financeira da empresa, de acordo com o processo aberto nesta quinta-feira (5) em Manhattan. O suposto esquema durou de 2018 a junho de 2022, quando Celsius congelou os saques.

“Alex Mashinsky prometeu levar os investidores à liberdade financeira, mas os levou a um caminho de ruína financeira”, disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, em comunicado. “A lei é clara que fazer promessas falsas e infundadas e enganar os investidores é ilegal.”

O processo de Nova York visa impedir Mashinsky de fazer qualquer negócio relacionado à emissão, oferta ou venda de valores mobiliários ou commodities no estado. Também procura impedi-lo de atuar como diretor ou executivo de qualquer empresa que faça negócios em Nova York. Se Letitia James vencer o caso, ela buscará a devolução de qualquer produto da conduta supostamente ilegal de Mashinsky, além de danos e restituição para os clientes.

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Mashinsky não respondeu imediatamente a uma mensagem pedindo comentários.

A Celsius permitia que os investidores tivessem rendimentos com suas moedas digitais emprestando-as, com a Celsius às vezes investindo os tokens em outros aplicativos de rendimento ou emprestando-os a investidores institucionais.

Crise no setor

O processo contra Mashinsky é o mais recente golpe na imagem do mercado de criptomoedas após a prisão no mês passado do ex-magnata do setor Sam Bankman-Fried por acusações de fraude e o colapso da exchange FTX. Letitia James, que alertou sobre os riscos dos criptoativos desde o início de 2021, se envolveu em várias ações de fiscalização no setor, incluindo processos no ano passado contra a Nexo e um acordo de quase US$ 1 milhão com a plataforma cripto BlockFi Lending.

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A Celsius entrou com pedido de falência em julho em meio a uma quebra do mercado de criptomoedas de US$ 2 trilhões que eliminou alguns dos maiores nomes do setor e expôs centenas de milhares de investidores a grandes perdas. A empresa, que havia feito apostas arriscadas antes do colapso, divulgou na época um déficit de US$ 1,19 bilhão. Celsius disse anteriormente que a Alameda Research, a empresa comercial cofundada por Bankman-Fried que agora está no centro de seu processo criminal, deve ao credor US$ 12 milhões.

Letitia James disse que um morador de Nova York hipotecou duas propriedades para investir com a Celsius, enquanto outro - um veterano de guerra deficiente - perdeu suas economias de US$ 36.000 que acumulou ao longo de quase uma década.

“Outro cidadão deficiente, que dependia da assistência do governo para complementar sua renda de US$ 8 por hora, perdeu todo o seu investimento”, disse Letitia James em seu comunicado.

Mashinsky e outros altos executivos retiraram milhões de dólares em criptomoeda nas semanas anteriores ao colapso da Celsius, de acordo com documentos do processo de falência da empresa.

A procuradora-geral alega que Mashinsky teria dito diversas vezes ao público que a Celsius fez “investimentos seguros e de baixo risco” e apenas emprestou ativos a “entidades credíveis e respeitáveis”, enquanto na realidade supostamente os expunha a ativos e estratégias de alto risco. Ele então teria deturpado e ocultado a deterioração da condição financeira da Celsius, uma vez que perdeu centenas de milhões de dólares em investimentos arriscados, de acordo com a procuradora-geral.

Mashinsky teria fraudado mais de 26.000 nova-iorquinos que investiram cerca de US$ 440 milhões até o final de 2021, de acordo com Letitia James.

Mashinsky se autodenominou um “Robin Hood moderno” ao prometer retornos aos investidores de até 17% – uma ostentação que ajudou a Celsius a acumular US$ 20 bilhões em ativos digitais de investidores de todo o mundo, de acordo com a denúncia. Mas a empresa sofreu para manter os rendimentos prometidos e voltou-se para investimentos de alto risco, disse a procuradora-geral.

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Mashinsky organizou sessões de pergunte-me-qualquer coisa no YouTube e no Twitter, nas quais minimizava o risco de investir em Celsius. Em uma sessão de 10 de junho, dias antes do congelamento dos saques, ele falou sobre as recompensas que os usuários estavam ganhando no Celsius.

“Todos esses pessimistas e odiadores não construíram nada!” ele disse.

O caso é Nova York v. Alex Mashinsky, Suprema Corte do Estado de Nova York, Condado de Nova York (Manhattan).

--Com colaboração de Olga Kharif.

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