Embraer: por que as novas encomendas de jatos ainda não animam os investidores

Contrato de R$ 389,4 milhões reforça carteira de pedidos da companhia, mas analistas alertam para preocupação com desaceleração econômica global

As ações da empresa acumulam queda da ordem de 45% no ano, o que faz seu valor de mercado cair para R$ 10 bilhões
01 de Dezembro, 2022 | 08:34 AM

Bloomberg Línea — A Embraer (EMBR3) anunciou na quarta-feira (30) um reforço em sua carteira de pedidos. A fabricante de jatos, sediada em São José dos Campos (interior de São Paulo), recebeu uma encomenda de cinco aeronaves do modelo E195-E2, em um contrato de R$ 389,4 milhões.

“É uma notícia positiva para a Embraer, pois a empresa está aumentando sua carteira de pedidos, apesar das preocupações de uma recessão econômica global em 2023″, apontou nota assinada pelos analistsas Victor Mizusaki (Bradesco BBI) e Wellington Lourenço (Ágora Investimentos).

As duas instituições mantiveram a recomendação de compra para a ação da Embraer, com preço-alvo de R$ 30. As ações da empresa encerraram o pregão de quarta-feira com alta de 0,30%, cotadas a R$ 13,55, enquanto o Ibovespa (IBOV) subiu 1,42%, aos 111.343 pontos.

As ações da Embraer acumulam, no entanto, uma queda da ordem de 45% neste ano, o que faz seu valor de mercado cair para R$ 10 bilhões.

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Inicialmente, a Embraer não divulgou o nome da companhia aérea que fez o pedido firme para cinco aeronaves. No último dia 5, a fabricante de jatos revelou, no entanto, que o pedido foi feito pela companhia aérea espanhola Binter.

A previsão é de entrega de quatro jatos até o final de 2023 e uma última aeronave no início de 2024. O valor do contrato será adicionado à carteira de pedidos do quarto trimestre, segundo o comunicado. O Embraer E195-E2 pode transportar até 132 passageiros.

4º trimestre

Em 2022, a Embraer terá maior concentração de entregas e receitas neste quarto trimestre, como avisou a companhia no último dia 14.

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A empresa espera fechar o ano voltando ao patamar de entregas observado em 2019, antes da pandemia da covid-19. No terceiro trimestre, a Embraer já entregou 33 jatos, sendo 10 para o segmento comercial e outros 23 para o segmento executivo.

O “backlog” (carteira de pedidos firmes) estava em US$ 17,8 bilhões no fim de setembro. O Itaú BBA estimou, com base no “guidance” (projeção) da Embraer, que o quarto trimestre tenha entre 33 e 43 jatos comerciais e entre 45 e 8 jatos executivos entregues no período.

O Itaú BBA tem uma recomendação de “outperform” (equivalente à compra, acima da média do mercado) para o papel.

Gargalos

Além do risco de a recessão global provocar uma desaceleração no ritmo de crescimento das receitas, a Embraer também enfrenta gargalos na cadeia de suprimentos.

“A Embraer vem reforçando o foco em programas de eficiência com o objetivo de mitigar restrições de fornecimento. Consideramos críticos os gargalos na cadeia de fornecedores da companhia que poderão prejudicar o cronograma de entregas nos próximos trimestres”, apontou um relatório do BB Investimentos, no último dia 19.

Segundo o analista Renato Hallgreen, o segmento de defesa & segurança também tem registrado queda de receita. Foi de 42% (R$ 533,7 milhões) no terceiro trimestre, na comparação anual.

Mesmo assim, ele vê uma perspectiva positiva, pois essa área da Embraer “se beneficia do ambiente bélico em função das tensões geopolíticas tanto na Europa quanto na Asia, com a presença e protagonismo dos EUA”. O BB Investimento tem recomendação de compra para EMBR3 com preço-alvo de R$ 25 (fim de 2023).

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(Atualiza dia 6/12 com nome da companhia aérea que fez o pedido dos jatos)

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.