É hora de comprar bolsa e renda fixa nos EUA, diz estrategista-chefe do JPMorgan

Para David Kelly, ações americanas terão ganho de 8% no longo prazo, já que os preços caíram muito; renda fixa também fica atrativa, diz

Executivo destaca os principais motivos para os investidores ficarem cautelosamente otimistas nos EUA
Por Peyton Forte e Tom Keene
09 de Novembro, 2022 | 05:20 PM

Bloomberg — Aos investidores de longo prazo em bolsa e renda fixa que foram atingidos pela derrocada dos mercados este ano, David Kelly, estrategista-chefe global da JPMorgan Asset Management (JPM), tem uma mensagem: é hora de voltar.

Na avaliação de Kelly, as ações americanas terão um ganho de 8% no longo prazo, dado que os preços caíram muito. Em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira (9), o executivo também disse que os títulos estão atrativos, sugerindo uma porta de entrada para alocação em renda fixa.

Nos Estados Unidos, o mercado de renda fixa sofreu uma liquidação ampla este ano, com queda de 20% nos títulos corporativos de grau de investimento, enquanto o índice S&P 500 registrou uma perda semelhante.

“Este é um momento de sobre-exposição (overweight) em ações para um investidor de longo prazo. Acho que os títulos estão de volta”, disse Kelly no programa Bloomberg Surveillance.

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Outra razão para os investidores permanecerem cautelosamente otimistas pode vir na quinta-feira (10), com a divulgação dos dados mais recentes da inflação americana (CPI).

Kelly disse que o índice de preços ao consumidor dos EUA já atingiu o pico e que a inflação deverá cair gradualmente até o início de 2023 – embora isso possa não ser suficiente para os consumidores com base na divisão política do país.

Os americanos tendem a julgar a economia por suas inclinações políticas e podem errar quando o curso se inverte, disse Kelly. “Os republicanos sempre se sentem mal em relação à economia quando há um democrata na Casa Branca e vice-versa.”

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Com as eleições de meio de mandato ainda sendo apuradas em todo o país, a esperança entre alguns investidores é que um eventual controle republicano do Congresso diminua a capacidade dos democratas de aprovar medidas fiscais para impulsionar a economia se ela desacelerar.

No que diz respeito à inflação, a história sugere que as ações sobem quando os preços atingem o pico, enquanto o S&P 500 entregou retornos de dois dígitos um ano depois.

“A única coisa que sabemos desta eleição é que não haverá estímulo fiscal antes de 2025, então, em algum momento, essa economia enfraquece ou entra em recessão”, disse Kelly. “O único jeito será o Federal Reserve cortar juros para estimular a economia. O impasse político significa um Fed mais dovish [favorável a juros baixos] daqui para frente.”

-- Com a colaboração de Lisa Abramowicz e Jonathan Ferro.

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