Carrefour Brasil perde com inflação e compra do grupo BIG, mas quer crescer

Companhia anunciou que quer criar um braço imobiliário visando ter “uma das maiores empresas de real estate focada em varejo da América Latina”

Carrefour registrou receita bruta 41,4% mais alta do que a do ano passado
09 de Novembro, 2022 | 07:00 PM

Bloomberg Línea — O Carrefour Brasil (CRFB3) viu seu lucro cair no terceiro trimestre deste ano por conta da inflação e da aquisição do grupo BIG, concluída em junho. O valor foi de R$ 621 milhões no ano passado para R$ 256 milhões em 2022. A dívida, por sua vez, aumentou 82,2%, indo para R$ 13,158 milhões.

“Sobre o custo financeiro da subida da dívida, temos uma geração de caixa ótima”, disse David Murciano, CFO do Carrefour Brasil.

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“Temos um plano de R$ 2 bilhões para Capex de integração do BIG para 2022 e 2023 e temos o perímetro histórico do Grupo Carrefour, com o Atacadão e o banco, que geram caixa. O perímetro tem que gerar caixa e reduzir a dívida do grupo. Fora do efeito dos juros, vamos ver um efeito positivo. Tem que começar a melhorar entre 2023 e 2024″, comentou, em entrevista com jornalistas nesta quarta-feira (9).

A empresa de atacado e varejo também registrou uma receita bruta 41,4% mais alta do que a do ano passado, de R$ 29,3 bilhões, e o EBITDA subiu em 14%, para R$ 1,7 bilhão. No trimestre, também foram convertidas novas lojas do BIG e do Atacadão, com 60% da meta de vendas por metro quadrado atingida e 50 lojas convertidas em 2022. “Essa foi uma etapa chave que passamos e isso nos dá um conforto para continuar a nossa conversão”, continuou Murciano.

Até 2026, o Carrefour quer ter 470 lojas cash & carry do Atacadão. Atualmente são 200. No atacado, a empresa viu um crescimento menos intenso nas vendas, o que, para Murciano, é “perfeitamente normal”. “Sempre falamos de um patamar de margem do Atacadão para 15%, e nesse trimestre voltamos para esse nível. No ano passado, tivemos a oportunidade de comprar porque o know-how dos times da parte de atacado é comprar no bom momento, e vender no bom momento”, disse.

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“Quando a inflação está abaixando, em particular nas commodities, o que acontece é que os clientes do b2b aguardam, porque sabem que o preço dos produtos vai abaixar, e eles aguardam cada vez mais porque os preços estão em queda, o que impacta na margem. Mas isso faz parte do modelo do Atacadão e do atacarejo, em geral.”

Além do atacado, do varejo e do banco, o Carrefour Brasil anunciou que pretende criar um braço imobiliário para a companhia, visando criar “uma das maiores empresas de real estate focada em varejo da América Latina”, com os 450 ativos do grupo e um lucro previsto de R$ 1,5 bilhão por ano.

“Achamos que é uma maneira de criar e destravar muito valor que temos em ativos imobiliários. Estamos trabalhando há muito tempo nesse projeto”, disse Murciano. “O veículo que estamos criando para essa operação já vai incluir o BIG e o Atacadão, é global — vamos focar em todo o perímetro que temos em propriedade”, afirmou.

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Para o quarto trimestre, Murciano está otimista. “Temos boas expectativas. Temos a Copa do Mundo, a Black Friday, temos muitos eventos, o que deve torná-lo muito bom. Temos muito o que fazer ainda sobre a integração do BIG, mas acreditamos que tudo vai bem. O mais complicado já passou e estamos dedicados com o negócio, para fazermos um bom quarto trimestre”, afirmou.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.