Por que o Auxílio Brasil ganhou protagonismo na eleição e no próximo governo

Com valor ampliado para R$ 600 a menos de 90 dias das eleições, o programa de transferência de renda se tornou um dos principais temas de campanha dos candidatos

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Bloomberg Línea — Um dos principais temas de campanha de Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) foi a manutenção e o pagamento do Auxílio Brasil, benefício social criado no final de 2021 para substituir o Bolsa Família. A sua importância cresceu a tal ponto que deverá continuar em 2023 seja qual for o vencedor.

O valor do benefício foi ampliado de R$ 400 para R$ 600 em julho deste ano por meio da aprovação da chamada PEC das Bondades, que estabeleceu um estado de emergência no país: isso permitiu ao governo federal aumentar as despesas sem precisar se submeter totalmente ao teto de gastos e à limitação da legislação eleitoral, que proíbe a criação de programas sociais em ano de eleição.

O Auxílio Brasil ganhou relevância redobrada diante do aumento das desigualdades e da pobreza nos últimos anos, em grande medida em razão dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

E ganhou relevância também em razão dos seus custos literalmente bilionários para bancá-lo.

Com a promessa de continuidade do pagamento do benefício de R$ 600 em 2023, a estimativa é que as contas do governo podem apresentar um rombo de até R$ 103 bilhões de reais no ano que vem, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal - e isso se ele ficar de fora da regra do teto de gastos que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.

Economistas e cientistas políticos consultados pela Bloomberg Línea analisaram o peso da ampliação do benefício nas eleições e alertaram para a herança para o próximo governo - seja ele qual for.

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