Meirelles revela por que decidiu apoiar candidatura do ex-presidente Lula

Ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda explica razões para o apoio declarado ao ex-presidente nas eleições no início da semana

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Henrique Meirelles aposta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode trazer de volta os bons tempos que o Brasil viveu enquanto ele foi presidente, quando o maior país da América Latina tinha boa relação com investidores.

Em entrevista, Meirelles disse que ele e Lula trocaram telefones durante evento realizado em 19 de setembro, quando anunciou que apoiará o ex-presidente nas eleições de outubro. A aproximação dos dois provocou um rali nos mercados, já que os investidores entenderam o gesto como uma sinalização de que Meirelles assumirá as rédeas da área econômica em eventual vitória do candidato petista.

Questionado sobre a demonstração de apoio, Meirelles disse que o gesto deve ser lido como “uma expectativa de que o que foi feito no passado possa se repetir agora”.

Lula, afirmou ele, obteve resultados positivos na política monetária e fiscal quando presidiu o país e pode fazer um bom trabalho novamente se eleito para um terceiro mandato.

“Neste momento, estou apresentando minhas contribuições, algumas sugestões”, disse, acrescentando que não foi convidado para fazer parte de um eventual governo Lula.

Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante o governo Lula e também ministro da Fazenda de Michel Temer entre 2016 e 2018 antes de deixar o cargo para concorrer à presidência no mesmo ano, é bem visto por investidores.

Aos 77 anos, ele foi o responsável pela criação da principal regra fiscal vigente do país, o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos do governo à variação da inflação do ano anterior.

A regra, violada várias vezes desde que foi implementada em 2017, provavelmente será descartada, não importa quem ganhe a eleição. Ambos os favoritos – Lula e Jair Bolsonaro – criticaram o teto e sinalizaram que proporão outra maneira de manter os gastos sob controle.

Meirelles diz que não é preciso mudar a regra fiscal para cumprir promessas de aumento dos gastos sociais. Alinhado a promessas recentes de Lula, ele diz que é a favor do reforço do Auxílio Brasil para R$ 600. A medida também é defendida pelo atual presidente Bolsonaro.

“A solução é simples: uma reforma administrativa, que já foi defendida por Lula”, disse Meirelles. “Ter regra fiscal rígida sobre os gastos aumenta a pressão por reformas. Ter flexibilidade fiscal é abrir uma caixa de pesadelo.”

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