Diferença entre Lula e Bolsonaro volta a dez pontos, diz Genial/Quaest

A 11 dias das eleições, pesquisa mostra que programas sociais, medidas econômicas e início da campanha não conseguiram melhorar desempenho do presidente

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Bloomberg Línea — A distância entre as intenções de voto no ex-presidente Lula (PT) e no presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou aos dez pontos. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (21), o petista chegou aos 44% (ante 42% na semana passada) e o atual presidente ficou com 34%, mesma cifra em que está há três semanas.

Depois deles, vêm os candidatos Ciro Gomes (PDT), com 6%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. Ciro caiu um ponto e Simone cresceu um ponto - ambos movimentos dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais.

Na avaliação da Quaest, a volta do crescimento da distância entre os líderes se deve ao desempenho de Lula entre os eleitores que têm ensino médio completo (ganha por 42% a 38%) e entre os que ganham até dois salários mínimos. No segmento, Lula está 25 pontos à frente de Bolsonaro desde a pesquisa divulgada em 3 de agosto.

Já o presidente ampliou para sete pontos a vantagem entre os que têm nível superior e registra 41% das intenções de voto contra 34% do ex-presidente. Por faixa de renda, Bolsonaro mantém vantagem numérica entre os que ganham entre 2 e 5 salários mínimos (40% a 38%) e está 12 pontos percentuais à frente entre os que têm renda superior a cinco salários mínimos.

A avaliação negativa do governo, no entanto, voltou a crescer, depois de dois meses em queda e chegou a 39% dos eleitores, ante 38% na semana passada. No final de agosto, era de 47%. O pico foi em novembro de 2021, quando 55% dos eleitores disseram ter uma avaliação negativa do governo.

Também cresceu a rejeição a Bolsonaro. Na última pesquisa, divulgada em 14 de setembro, o presidente era rejeitado por 52% dos eleitores. A cifra ficou agora em 54%, no limite da margem de erro. Já a rejeição a Lula oscilou de 47% para 46%.

A rejeição que mais cresceu em uma semana foi a de Ciro Gomes. Ele tinha 50% de rejeição há uma semana, e agora tem 54%.

As recentes medidas econômicas adotadas pelo governo federal parecem não ter surtido o efeito desejado. Primeiro, porque não conseguiram mexer no desempenho do presidente. Depois, porque 59% dos eleitores acreditam que elas foram adotadas para “ajudar a eleição de Bolsonaro” e só 36% disseram que elas foram foram tomadas para “ajudar as pessoas”.

Entre as medidas nas quais o governo apostava estão a aprovação de uma emenda à Constituição que permitiu a ampliação de gastos orçamentários sem obedecer ao teto de gastos e as leis que aplicaram um limite máximo ao ICMS sobre os combustíveis.

A emenda permitiu o aumento do valor do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, e o pagamento de um benefícios de R$ 1 mil para taxistas e caminhoneiros. A redução do ICMS sobre os combustíveis foi para baratear a gasolina e o diesel e reduzir as taxas de inflação - o que efetivamente vem ocorrendo, mas não tem resultado em intenções de voto em Bolsonaro, como mostram as pesquisas.

Entre os que recebem o Auxílio Brasil, a versão bolsonarista do Bolsa Família, 40% declaram voto em Lula - cifra que já foi de 44%, no início de setembro. E 23% declaram voto em Bolsonaro. Entre os que não recebem, o presidente e o ex-presidente estão hoje tecnicamente empatados, com 33% e 32% das intenções, respectivamente.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas de forma presencial entre os dias 17 e 20 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral é BR-04459/2022.

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