BlackRock evita emergentes mais arriscados apesar de rali

Estrategistas dizem que movimento não é generalizado, no entanto, e que ainda há boas oportunidades

BlackRock
Por Veronica Graff e Selcuk Gokoluk
17 de Setembro, 2022 | 07:58 AM

Bloomberg — A BlackRock diz que está cautelosa em relação a dívida de alto risco de mercados emergentes, apesar de um rali recente, por conta das grandes necessidades de financiamento e mercados de capitais fechados em meio a preocupações com juros mais altos e turbulência econômica.

Títulos corporativas e soberanos de alto rendimento de emergentes geraram retornos de 7% nos últimos dois meses, de acordo com um índice da Bloomberg, à medida que os temores de default diminuíram e o Fundo Monetário Internacional negociou pacotes de financiamento com países vulneráveis. Os emergentes classificados como grau especulativo oferecem um yield médio de 11,2%, aproximadamente o dobro da mínima que atingiram em 2018.

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A recuperação desse segmento ocorre depois que uma onda de calotes previstos após a invasão da Ucrânia pela Rússia não se concretizou até agora. A exceção é o Sri Lanka, enquanto a maioria dos outros países continuou a pagar suas dívidas.

Mas uma grande queda nas emissões e o alto custo de captação sinalizam riscos à frente para os mercados emergentes, que precisam pagar US$ 478 bilhões em dívidas denominadas em euros e dólares até o final do próximo ano, segundo dados compilado pela Bloomberg.

“Apesar de rendimentos ainda muito interessantes, continuamos cautelosos e defensivos”, disse Amer Bisat, chefe de renda fixa de mercados emergentes da BlackRock em Nova York. “Primeiro, taxas de juros mais altas e perda de acesso aos mercados de capitais são um problema sério. Segundo, a provável desaceleração da atividade econômica global é um vento contrário para muitas entidades de mercados emergentes cujo modelo econômico depende do comércio global”.

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Bisat vê valor em emergentes de alto rendimento que seguem o FMI ou se beneficiam de preços de energia mais altos, apesar da volatilidade político.

“Nossa cautela não é generalizada”, disse Bisat. “Encontramos bolsões de valor no alto rendimento dos mercados emergentes, especialmente em nomes que estão ajustando suas políticas e recorrendo ao FMI e/ou em nomes que estão se beneficiando dos preços ainda elevados das commodities.”

A BlackRock ecoou o JPMorgan, que cortou sua recomendação para dívida de mercados emergentes para subexposição (underweight) em um relatório de 12 de setembro, citando spreads de crédito mais estreitos e riscos de política monetária mais apertada e crescimento mais fraco.

O prêmio de risco da dívida de mercados emergentes de alto risco ficou estável esta semana em cerca de 750 pontos-base, mesmo após o CPI americano mais alto do que o esperado alimentar especulações de uma aperto mais agressivo do Federal Reserve.