Mercados sobem e terminam de descontar perspectiva de bancos centrais “hawkish”

Movimento é de alta tanto no mercado dos EUA como no europeu; contratos de ouro e petróleo também ganham valor e bitcoin tem forte valorização

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Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada da nota publicada originalmente às 6h21)

Muita expectativa, poucas surpresas. O mercado viu ontem o Banco Central Europeu (BCE) promover um aumento recorde de suas taxas de juros e o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizar que não arreda pé da luta contra a inflação.

Embora os dois eventos deem mostras da magnitude do problema com a inflação, já eram contemplados pelos operadores - e vinham sendo descontados nos preços dos ativos.

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🏦 Alta histórica. Apesar de estar em linha com o esperado pelo mercado, o aumento de 0,75 ponto percentual do custo do dinheiro foi uma medida de aperto monetário sem precedentes na história do BCE. Com essa medida de política monetária “hawkish”, agressiva, o BCE mostra seu receio de que a inflação se recrudesça e haja pouca margem de manobra para subir os juros à medida que a economia da Europa, que atravessa uma grande crise energética, se enfraqueça.

☎️ Esperando na linha. O que ficou faltando, na visão dos operadores, era o BCE explicar como levará a cabo o plano para evitar a fragmentação do mercado de dívida europeu. É papel do banco central evitar uma diferença brutal dos prêmios de risco entre os países mais desenvolvidos do bloco, o caso da Alemanha, e os países periféricos, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia. O mercado segue no aguardo de informações sobre requisitos, duração e como serão equilibradas as medidas de retirada de liquidez, de modo que consiga controlar a inflação sem provocar um choque de dívida.

🧗🏼‍♂️ Terceira subida a caminho. As apostas de que o Fed elevará suas taxas na mesma proporção, no fim deste mês, ganharam força com o discurso de Powell de ontem. Ele quer evitar que a inflação seja considerada o “novo normal”. Os prêmios dos títulos do Tesouro norte-americano a dois anos, mais sensíveis às investidas de política monetária, subiram para o nível mais alto desde 2007. Na terça-feira sai a inflação dos Estados Unidos, indicador aguardado pelos economistas com grande expectativa.

→ Assim se movimentam os mercados esta manhã:

Os mercados reagem com alta consistente esta manhã, tanto na praça norte-americana, com os futuros de índices, como na europeia. Ao mesmo tempo, entre as commodities, sobem o ouro e os contratos de petróleo. No câmbio, o euro tocou o nível mais alto em três semanas depois da decisão do BCE de subir drasticamente os juros.

A venda de títulos soberanos se estabilizava, depois de dias com os investidores se desfazendo de suas posições.

O bitcoin registrou sua maior valorização em mais de um mês, ultrapassando o nível psicológico de US$ 20.000 (de fato, estava negociando a US$ 21.140 momentos atrás, avanço superior aos 9%), já que um dólar mais fraco impulsionou a demanda por ativos de risco.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,61%), S&P 500 (+0,66%), Nasdaq Composite (+0,60%), Stoxx 600 (+0,50%), Ibovespa (+0,14%)

Os mercados se movimentaram no ritmo dos bancos centrais. Em conferência, Jerome Powell, presidente do Fed, reiterou que o papel da instituição é usar a política monetária para controlar a inflação “antes que a população encare a alta de preços como o novo normal”. Já o BCE elevou sua taxa básica em 0,75 ponto percentual - um aumento recorde - e deixou a porta aberta para “vários” aumentos adicionais, mesmo com a piora das perspectivas para o crescimento econômico.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Vendas no Atacado/Jul

Europa: Cúpula da Zona do Euro; Reino Unido (Expectativas da Inflação); França e Espanha (Produção Industrial/Jul); Espanha (Confiança do Consumidor)

Ásia: China (PPI, oferta de moeda, novos empréstimos em yuan)

América Latina: Brasil (Produção e Venda de Veículos/Ago); México (Produção Industrial/Jul)

Bancos Centrais: Fed (Christopher Waller, Esther George); Sabine Mauderer (Bundesbank)

Outros: Reunião extraordinária dos ministros de energia da UE sobre intervenção de emergência nos mercados de energia

(Com informações da Bloomberg News)