Quem é a nova primeira-ministra britânica e o que ela defende

Elizabeth Truss, 47 anos, será a terceira mulher a comandar o governo do Reino Unido, depois de Margaret Thatcher e Theresa May

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Bloomberg Línea — Pela terceira vez em sua história, o Reino Unido terá uma mulher como primeira-ministra. A eleição de Mary Elizabeth Truss, mais conhecida como Liz Truss, 47 anos, pelos membros do Partido Conservador, representa a escolha de uma política que se comprometeu com algumas das bandeiras históricas dessa ala política, como a redução de impostos, a diminuição do tamanho do estado e a defesa do livre comércio.

Em um curto discurso após a vitória nesta segunda-feira (5), Liz Truss reforçou esses pontos e disse que irá governar como uma “conservadora”. “Vou entregar um plano ousado para cortar impostos e fazer nossa economia crescer. Vou responder à crise energética, lidando com as contas de energia das pessoas, mas também lidando com as questões de longo prazo que temos sobre o fornecimento de energia”, afirmou.

Truss, secretária de Relações Exteriores do governo de Boris Johnson, tomará posse nesta terça-feira (6). Ela é apontada por colegas de partido como uma política que tem a estabilidade e a tenacidade como alguns de seus principais atributos, algo exemplificado com a decisão de não abandonar o governo de Boris Johnson mesmo diante dos escândalos políticos que levaram à sua renúncia.

No governo de Theresa May (2016 a 2019) como primeira-ministra, ocupou os cargos de secretária do Tesouro - Lord Chancellor, a primeira mulher a ocupar o posto - e de secretária da Justiça.

Criada em um ambiente de esquerda, Truss foi na década de 1980 uma ativista liberal democrata em oposição ao governo da então primeira-ministra Margaret Thatcher, a Dama de Ferro, que simbolizou como poucas no mundo em sua época a defesa e a prática de medidas de liberalismo econômico.

Uma de suas principais medidas esperadas, no entanto, é o congelamento das tarifas de energia, que se estima que deveriam subir cerca de 80% diante da grave crise na Europa, com os cortes no fornecimento de gás pela Rússia por causa das sanções com a Guerra contra a Ucrânia.

Truss disse à BBC no domingo que “agiria imediatamente” para anunciar planos para ajudar famílias em dificuldades a lidar com um aumento nos preços de energia e aquecimento, diante da previsão de que as contas domésticas de energia neste inverno - no hemisfério Norte - devem triplicar em relação aos níveis do ano passado. Ela disse que o anúncio ocorreria dentro de uma semana de sua posse se ganhasse.

Truss prometeu um orçamento de emergência em seu primeiro mês no cargo, provavelmente antes do recesso do Parlamento em 22 de setembro.

Ela se comprometeu a ajudar os britânicos eliminando um aumento de 1,25% no chamado Seguro Nacional, um imposto sobre a folha de pagamento, e reduzindo “taxas verdes” das contas de energia, o que pode gerar economia anual de 150 libras por família. Mas ela se recusou a dar detalhes sobre como ajudará os aposentados e os que ganham menos, que não se beneficiariam do corte do Seguro Nacional.

Truss também descartou a imposição de novos impostos inesperados sobre os lucros da energia para financiar a ajuda para as famílias, mesmo diante de análise do Tesouro de que o setor gerará até 170 bilhões de libras de lucros a mais nos próximos dois anos. Sem recorrer aos impostos, Truss precisará se apoiar em empréstimos governamentais extras ou cortes nos gastos para equilibrar as contas.

Brexit, comércio exterior e relação com o Brasil

Liz Truss é uma defensora do livre comércio e, nos últimos anos, trabalhou para promover parcerias comerciais do Reino Unido com outros países, especialmente depois do Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia).

Inicialmente ela fez campanha contra a separação do bloco econômico europeu, mas mudou de opinião e passou a defender a cisão, se aliando a Boris Johnson. Em seguida, foi recompensada com cargos mais altos no ministério, passou a representar o país como negociadora do Brexit e ganhou notoriedade na política britânica. Quando era secretária de Comércio, Liz Truss fechou um acordo comercial com o Japão em 2020, o primeiro realizado após a saída do país da União Europeia.

Em abril de 2018, quando era secretária do Tesouro, Liz Truss esteve no Brasil representando o governo britânico de Theresa May e defendeu uma parceria comercial mais próxima entre os dos países.

“A razão pela qual vim para o Brasil é porque o Reino Unido quer construir relações econômicas fortes com o Brasil. Nós vemos o Brasil como um parceiro econômico chave. O Brasil é um país grande e com uma grande economia. E nós também vemos muitas áreas em que podemos de trabalhar de forma mais próxima”, disse em entrevista a revista Exame na época.

- Colaborou Filipe Serrano

- Com a Bloomberg News

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