Por que o Goldman Sachs espera que o Fed alivie o tom sobre juros

Economista-chefe Jan Hatzius avalia que Jerome Powell vai defender um ritmo menos agressivo de aperto monetário no simpósio de Jackson Hole

Economista-chefe do Goldman Sachs vê tom menos hawkish por parte do Federal Reserve
Por John McCorry - Jonathan Ferro
23 de Agosto, 2022 | 04:40 PM

A mensagem dos mercados na semana passada era que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deve repetir o tom apocalíptico de Paul Volcker na década de 1980 quando apresentar o seu discurso no encontro anual da instituição em Jackson Hole na sexta-feira (26).

O economista-chefe do Goldman Sachs, Jan Hatzius, acha que não.

“Acho que ele vai defender, como fez em sua última coletiva de imprensa, uma desaceleração no ritmo de altas. Tivemos dois movimentos de 75 pontos-base. Nossa expectativa seria, salvo surpresas significativas de dados, que o movimento de setembro seja de 50 [pontos-base]″, disse Hatzius à Bloomberg Television na terça-feira (23).

“Não acho que ele seja específico sobre o número, mas que dirá que há um risco de aperto excessivo e, portanto, faz sentido ir um pouco mais devagar do que os aumentos acima do normal.”

PUBLICIDADE

Os investidores podem ter se alinhado com a visão de Hatzius.

As ações se estabilizaram na terça-feira, embora o S&P 500 ainda registre queda de quase 4% em relação ao patamar de uma semana atrás. Os rendimentos do Tesouro americano caíram, mas o dos títulos de 10 anos permanece perto de 3% depois de quase dobrar em 2022.

Hatzius não está sugerindo que Powell de repente se transformará em Arthur Burns, o presidente do Fed na década de 1970 conhecido por uma política monetária branda que abriu caminho para seu sucessor, Volcker, aumentar os juros até que a que inflação caísse.

PUBLICIDADE

Powell “deixará claro que o trabalho ainda não está feito” quando falar no simpósio anual do Fed no estado de Wyoming, disse o economista do Goldman. “A inflação está muito alta. Eles estão muito comprometidos em trazer a inflação de volta para 2%.”

O banco central americano elevou neste ano sua taxa básica quatro vezes, de quase zero para o intervalo entre 2,25% e 2,5%, para combater a inflação, que ainda está alta, em 8,5% na taxa anual, o nível mais alto desde a década de 1980.

Mas a autoridade monetária tem que buscar um equilíbrio, disse Hatzius, elevando as taxas o suficiente para conter a alta de preços de bens e serviços sem levar a economia à recessão.

“Continuamos no terreno do pouso suave [soft landing]”, disse ele. “Será um ambiente de crescimento lento. Daqui a um ano, daqui a dois anos, a inflação será muito menor.”

Para chegar lá, Hatzius prevê uma taxa básica de “3,5% ou mais”, disse. “Embora a inflação vá melhorar bastante daqui a um ano, acho que ainda estará significativamente acima da meta e, em última instância, eles querem que volte para perto de 2%.”

- Com a colaboração de Tom Keene e Lisa Abramowicz.

Veja mais em Bloomberg.com

PUBLICIDADE

Leia também

Tem coisas que as pessoas só perguntam ao Google, diz CEO no Brasil

Madero: expansão de risco com dívida perto de R$ 1 bilhão e caixa de R$ 40 milhões