Wall Street vê setembro fraco para emissões de emergentes

Bancos como Morgan Stanley, JPMorgan e Goldman Sachs esperam vendas moderadas de títulos externos diante de custos de dívida e baixa liquidez

Morgan Stanley, JPMorgan e Goldman Sachs reduziram suas estimativas de emissões de títulos de países em desenvolvimento para 2022
Por Maria Elena Vizcaino
22 de Agosto, 2022 | 03:11 PM

Bloomberg — Setembro, historicamente o mês mais movimentado para as vendas de títulos soberanos de alto rendimento, deve decepcionar este ano com o risco de aumentos agressivos de juros nos EUA.

Bancos como Morgan Stanley (MS), JPMorgan (JPM) e Goldman Sachs (GS) esperam vendas moderadas de títulos externos de países emergentes no próximo mês diante de custos de dívida em máxima de três anos e baixa liquidez.

Um setembro fraco seria uma exceção à regra. Muitos emissores de alto rendimento costumam vender títulos no mês para aproveitar a forte demanda de investidores que reequilibram seus portfólios após as férias de verão no hemisfério norte. Os países emergentes classificados como grau especulativo venderam uma média de US$ 8,7 bilhões em títulos denominados em dólar em setembro nos últimos cinco anos, mais do que qualquer outro mês do ano, segundo o Goldman Sachs.

“As condições de financiamento devem permanecer desfavoráveis para os emissores de alto rendimento”, disse Marcelo Assalin, chefe de dívida de mercados emergentes da William Blair International. “Estimamos muito pouca atividade no mercado primário nesse espaço no curto prazo.”

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Embora vários países com classificação de alto risco tenham se aproveitado de juros baixos antes do Federal Reserve iniciar sua campanha agressiva de aperto monetário em março, alguns dos grandes emissores ficaram ausentes do mercado. O Brasil não vende títulos em moeda forte desde junho do ano passado, o hiato mais longo desde 2019, e outras nações como Omã e Egito também não captaram no mercado externo.

A alta volatilidade dos títulos do Tesouro americano já levou aos primeiros oito meses do ano mais lentos desde 2016, com pouco mais de US$ 18 bilhões em dívidas em moeda forte vendidas por nações emergentes, segundo dados coletados pela Bloomberg. Um tom agressivo dos formuladores de política monetária americanos no encontro de Jackson Hole desta semana pode piorar a liquidez e forçar ainda mais países a adotar outras opções de financiamento. Alguns, como Gana e El Salvador, enfrentam rendimentos acima de 20%.

Morgan Stanley, JPMorgan e Goldman Sachs reduziram suas estimativas de emissões de títulos de países em desenvolvimento para 2022. Mercados tumultuados levaram alguns países a drenar reservas cambiais e recorrer a organismos multilaterais para atender às suas necessidades de financiamento.

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