Ventos contrários da China esfriam rali dos mercados com inflação mais suave

Futuros norte-americanos operavam em baixa no começo da manhã, enquanto Europa tentava se emparelhar ao desempenho dos EUA na sexta

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Barcelona, Espanha — A euforia com a inflação mais suave vai perdendo impulso. Ventos contrários vindos da Ásia e a narrativa de que o Federal Reserve (Fed) manterá seu aperto monetário levam os investidores a ponderar mais antes de assumir posições de risco.

🇨🇳 Economia perde o fôlego. O gigante asiático decepcionou ao entregar resultados piores que o esperado para as vendas no varejo e a produção industrial em julho. A atividade fabril avançou +3,8% na base anual, quando os analistas calculavam +4,3%. O comércio varejista cresceu apenas +2,7%, frente a expectativas de +4,9%. Para reativar a demanda, o banco central baixou a taxa de juros dos empréstimos de um ano para até 2,75%, a segunda ação deste tipo no ano.

🇪🇺 Nuvens de recessão. O risco de uma recessão na Zona do Euro alcançou o nível mais alto desde novembro de 2020, pois a escassez de energia ameaça pressionar ainda mais uma inflação já recorde. Segundo uma pesquisa feita pela Bloomberg, a probabilidade de que a produção se reduza durante dois trimestres consecutivos subiu de 45% da sondagem anterior para 60% agora.

Antes da invasão russa à Ucrânia, a pesquisa sinalizava 20% de chances de que a economia do bloco se desacelerasse. É provável que a Alemanha, a maior economia do bloco e uma das mais expostas à interrupções no fornecimento de gás russo, se estanque a partir deste próprio trimestre.

💸 No front, sempre. A inflação permanece no radar dos investidores. Nesta semana, há indicadores de preços de vários países, como o Reino Unido, para o qual se espera um IPC de 9,8% em julho, o que representaria o ritmo mais acelerado em quatro décadas. Para o Japão, a expectativa também é de preços crescentes ao consumidor. A exceção é o Canadá, cuja inflação, segundo economistas, deveria retroceder, em linha com o vizinho Estados Unidos.

📊 Rescaldo dos balanços. Cerca de 455 empresas do S&P 500 já entregaram seus resultados financeiros, mas ainda há empresas importantes para apresentarem seus números, como as gigantes varejistas Walmart (terça) e Target (quarta). As cifras destas empresas cobram especial relevância porque dão uma mostra da força e resistência do consumidor neste cenário de inflação recorde a ameaça de recessão.

🟢 As bolsas na sexta: Dow Jones Industrials (+1,27%), S&P 500 (+1,73%), Nasdaq Composite (+2,09%), Stoxx 600 (+0,16%), Ibovespa (+2,78%)

Dados de inflação abaixo do esperado e expectativas de um aperto monetário menos agressivo do Federal Reserve contribuíram para um maior otimismo dos mercados. Em Wall Street, o S&P 500 caminhou para sua quarta semana consecutiva de ganhos – a mais longa sequência de vitórias desde novembro de 2021.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriados: Espanha, Argentina

EUA: Índice Empire State de Atividade Industrial/Ago, Índice NAHB de Mercado Imobiliário/Ago

Europa: Zona Euro (Ativos de Reserva/Jul); Alemanha (Índice de Preços no Atacado/Jul)

Ásia: China (Produção Industrial/Jul); Japão (Utilização da Capacidade Instalada/Jun, PIB/2T22)

América Latina: Brasil (IBC-Br/Jun, Boletim Focus)

Bancos centrais: Atas da Reunião de Política Monetária do Banco Central da Austrália

📌 Para a semana:

Balanços: BHP, Walmart, Target, Home Depot, Tencent

Quarta-feira: Ata de Política Monetária da reunião de julho do Fed. Decisão sobre os juros da Nova Zelândia. Reino Unido (IPC), EUA (Vendas no Varejo)

Quinta-feira: EUA (Vendas de Casas Existentes, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Índice líder do Conference Board). Pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed

(Com informações da Bloomberg News)