Preços de energia na Europa atingem novos recordes com onda de calor

As temperaturas nos países europeus ressaltaram o impacto que o aquecimento global pode ter sobre a infraestrutura do continente

A estiagem drástica do rio Reno, na Alemanha, limita também a navegação de embarcações que transportam carvão, o que afeta o fornecimento às usinas
Por Rachel Morison e Priscila Azevedo Rocha
05 de Agosto, 2022 | 02:37 PM

Bloomberg — Os preços de energia na Europa atingiram novos recordes nesta sexta-feira (5), seguindo as crescentes reduções da geração de eletricidade das concessionárias por conta do tempo seco e quente.

Contratos para o próximo ano na Alemanha e na França, as maiores economias da Europa, subiram para novas máximas após a Axpo Holding da Suíça anunciar cortes em uma de suas usinas nucleares por causa das altas temperaturas da água do rio usado para resfriar os reatores. A Électricité de France, multinacional francesa de energia elétrica, também reduziu sua produção nuclear pelo mesmo motivo, enquanto a Uniper, da Alemanha, enfrenta dificuldades para obter carvão em meio a uma estiagem drástica do rio Reno que limita a navegação de embarcações.

A Europa sofre sua pior crise energética em décadas. Os cortes de gás russo em retaliação às sanções contra o país já impulsionavam antes um aumento nos preço de energia. Agora, o calor extremo levou a recordes de temperaturas em países como França, Alemanha e Suíça, e ressalta o impacto que o aquecimento global pode ter sobre a infraestrutura do continente.

Os níveis de água no rio Reno, na Alemanha, caíram tanto que ele pode ficar totalmente fechado para navegação em breve, afetando o fornecimento de carvão para as usinas. Já os rios Ródano e o Garona, na França, e o Aare, na Suíça, estão quentes demais para serem usados para resfriar usinas nucleares de maneira eficaz.

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O contrato alemão para fornecimento de energia no próximo ano subiu até 2% para 413 euros por megawatt-hora na European Energy Exchange, bolsa de energia elétrica e commodities. O equivalente francês subiu 1,9% para um recorde de 535 euros. Os preços de longo prazo estão sob pressão porque produzir menos energia a partir de geração nuclear e carvão aumentará a demanda por gás natural, que é extremamente necessário para encher as instalações de armazenamento antes do inverno.

A alemã Uniper disse na quinta-feira (4) que duas de suas usinas a carvão ao longo do Reno podem precisar reduzir a produção durante as próximas semanas, porque o transporte de carvão ao longo do Reno será impossível.

Usinas ao longo do rio perto de Mannheim e Karlsruhe, operadas pela alemã Grosskraftwerk Mannheim, tiveram dificuldade em obter carvão por causa do baixo nível d’água. Ambas as empresas disseram que, por ora, a geração de energia ainda não foi afetada.

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“A estiagem não está afetando nossa geração de energia porque nossas usinas não precisam de água doce contínua”, disse um porta-voz da Steag GmbH nesta sexta-feira. “Mas o nível do rio pode tornar o funcionamento das usinas e o transporte de carvão mais complicados do que o normal.”

O porta-voz da companhia disse, no entanto, que há uma ligeira redução na produção de cerca de 10 a 15 megawatts, o que equivaleria a alguns pontos percentuais, devido às temperaturas quentes. “Isso vem acontecendo há algum tempo e é um problema para todos, porque o sistema da planta não foi projetado para suportar temperaturas tão altas”, disse.

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