Bloomberg — Um importante gasoduto que fornece gás natural da Rússia para a Europa pode não retornar à capacidade total após a manutenção planejada este mês, disse o Goldman Sachs (GS), ecoando as preocupações de autoridades alemãs.
O Nord Stream 1 está programado para fechar para obras de 11 a 21 de julho, apertando mais ainda um mercado que já viu os preços dispararem nas últimas semanas. Com Moscou reduzindo os fluxos através do duto para apenas 40% da capacidade, qualquer movimento para reter os suprimentos por mais tempo prejudicaria severamente os esforços da Europa de se reabastecer para o inverno.
“Embora inicialmente assumimos uma restauração completa dos fluxos após seu próximo evento de manutenção, não vemos mais isso como o cenário mais provável”, disseram analistas do Goldman em nota. O banco elevou suas previsões de preço do gás na Europa no próximo ano, citando riscos crescentes para o fornecimento.
A Europa enfrenta sua crise de energia mais grave em décadas. A Rússia – maior fornecedor da região – restringiu as remessas em meio às crescentes tensões ligadas à guerra na Ucrânia. O gás é negociado no nível mais alto em quase quatro meses, e algumas das principais concessionárias buscam socorro financeiro enquanto os países se apressam para se reabastecer.
A Agência Internacional de Energia avisou na terça-feira (5) que um corte completo nos fluxos “não pode ser descartado” considerando o “comportamento imprevisível” da Rússia.
Enquanto o Goldman vê uma interrupção total nas entregas como improvável – uma vez que reduziria as receitas de Moscou – o banco elevou sua previsão para os preços de referência de gás no terceiro trimestre para 153 euros por megawatt-hora, ante 104 euros anteriormente. Os preços podem superar os 200 euros em um “pior cenário” de remessas pelo Nord Stream, disse.
A Alemanha, a maior economia da Europa, disse no mês passado que a queda nos fluxos do Nord Stream dificultaria o cumprimento das metas de estocagem. Autoridades em Berlim expressaram preocupações que o gasoduto pode não voltar à capacidade normal após os trabalhos programados.
A Alemanha já se prepara para mais interrupções. O país reduziu sua dependência energética da Rússia – que chegou a responder por mais da metade de suas importações de gás no ano passado – comprando mais gás natural liquefeito e importando combustível da Noruega a todo vapor.
No entanto, há limites para a quantidade de GNL que pode ser importada, pois leva tempo para construir terminais para receber o combustível, e há competição com a Ásia pelo fornecimento. No curto prazo, possíveis greves em vários campos importantes podem restringir as remessas da Noruega.
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