Novas denúncias contra ex-presidente da Caixa incluem casos de assédio moral

Gravações de reuniões com executivos do banco, divulgadas pelo site Metrópoles, mostram Guimarães adotando tom agressivo e intimidatório com sua equipe

Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, acusado de assédio moral e sexual
30 de Junho, 2022 | 04:36 PM

São Paulo — Novas denúncias contra o agora ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães foram divulgadas nesta quinta-feira (30). Além de assédio sexual, ele agora é acusado de assédio moral.

Gravações de reuniões com executivos do banco, divulgadas pelo site Metrópoles, mostram Guimarães adotando comportamento agressivo e intimidatório com sua equipe.

Um dos funcionários do banco citados pelo site e que pediu anonimato diz que o ex-presidente se referia a quase todo mundo como “p*u mole”, “júnior” e “faixa branca” (a faixa inicial no judô). Segundo as denúncias, Guimarães adotava essa postura quando não gostava do trabalho apresentado por alguém.

Segundo as denúncias relatadas na reportagem, as situações de assédio moral eram comuns e muitas vinham acompanhadas de comentários de cunho sexual. Uma das funcionárias consultadas pelo site afirma que ele citava um ator pornô frequentemente para a frase “vai entrar pelo c* e sair pela boca”.

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Em uma das reuniões gravadas e disponibilizadas pela reportagem, Guimarães diz: “Sabe qual é a vontade? Porra, eu acho que quem tá torcendo pro [ex-presidente] Lula. De vocês se f*”.

Em outra reunião, Guimarães estava irritado com decisões que haviam sido tomadas sem passar por ele: “Não é aceitável. E, de novo: caguei para a opinião de vocês, porque eu que mando. Não estou perguntando, porque isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão”.

Depois, ele ameaçou tirar do cargo os executivos que tomassem decisões sem a sua participação: “Vocês são malucos, porque vocês só têm a perder. Não tem que ligar pra ninguém. Se eu não dei o ‘ok’, não dei o ‘ok’ e acabou. É não. Por que vocês vão tomar o risco de perder a função, cara? Pra uma coisa que eu não autorizei”.

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As situações não se limitavam às relações de subordinação. Rita Serrano, representante dos trabalhadores no conselho de administração da Caixa, disse ao UOL que passou “por momentos complicados”.

O jornal Folha de S.Paulo publicou nesta quarta-feira (29) uma entrevista com uma funcionária da Caixa que fez acusações semelhantes.

E são situações conhecidas. Entre os funcionários da Caixa, 56% disseram já ter sofrido alguma forma de assédio moral e 70% relataram já ter testemunhado alguma situação de assédio, segundo Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) divulgado pelo UOL. O levantamento foi feito entre novembro e dezembro do ano passado e ouviu 3.034 trabalhadores.

Segundo a Caixa, em nota enviada à imprensa na quarta à noite, o órgão fiscalizador do banco recebeu denúncias de assédio e uma investigação interna teria sido aberta em maio. O comunicado não cita o nome do ex-presidente, substituído por Daniella Marques, do Ministério da Economia.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.