iFood: lucro com entregas de refeições cai 66% e reforça mercado mais fraco

Negócio principal da companhia teve lucro operacional de US$ 10 milhões no ano fiscal; empresa anunciou cortes na última semana

O iFood aumentou a receita no último ano fiscal, mas teve prejuízo de mais de US$ 200 milhões
27 de Junho, 2022 | 07:56 PM

Bloomberg Línea — O iFood, de propriedade majoritária da Prosus, manteve o crescimento no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2022: o GMV (Gross Merchandise Value, o equivalente ao volume de tudo o que foi transacionado em sua plataforma) aumentou em 41%, enquanto a receita cresceu 29%. O lucro operacional do business de entregas de restaurantes foi de US$ 10 milhões, o que representou uma queda de 66% em relação aos US$ 30 milhões no mesmo período do ano anterior.

A receita total do iFood cresceu para US$ 991 milhões no ano fiscal encerrado em março, com a expansão para outras cidades no Brasil, enquanto o prejuízo de toda a operação aumentou para US$ 206 milhões, uma perda que foi impulsionada por investimentos na frente de entregas de supermercado.

Na última semana, o iFood anunciou um corte de trabalhadores, que atribuiu a uma revisão da operação. Segundo o site Layoffs Brasil, que faz a compilação de demissões em startups, teriam sido dispensados cerca de 80 profissionais. A companhia líder em delivery no país não confirmou esse número.

Além do iFood, a Prosus, que faz parte do grupo sul-africano Naspers, tem participação em outras startups da América Latina, como 99minutos, Creditas e Facily.

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A Prosus informou que o principal negócio de entregas do iFood voltou à lucratividade nos últimos dois anos. “O negócio de entrega de restaurantes do iFood é lucrativo no Brasil, seguindo eficiências contínuas de escala e execução operacional”, disse a Prosus em seu relatório de resultados.

Somente em março deste ano, o iFood entregou 68 milhões de pedidos no Brasil. Recentemente, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse à Bloomberg Línea que o Uber Eats deixou o Brasil por causa da incapacidade de se tornar o player número um no país. “Não adianta ficar em um mercado se você não pode ser o líder”, disse Khosrowshahi.

“A sobreposição significativa entre os clientes de entrega de restaurante e entrega de supermercado e as sinergias operacionais entre os dois negócios tornam a entrega de supermercado um ajuste natural para o ecossistema iFood. O negócio de alimentos do iFood rapidamente se tornou um player importante no setor, que estima ter vendas de US$ 55 bilhões em 2022, de acordo com o Euromonitor”, disse a Prosus.

Liquidez aos funcionários

A Prosus informou que o iFood mudou sua política de liquidação de opções de ações aos funcionários. Em junho de 2021, os conselhos da Naspers e do iFood Holdings aprovaram uma mudança prospectiva na liquidação dessas opções, fornecendo liquidez aos colaboradores com pagamento em dinheiro.

O passivo de pagamento baseado em ações foi de US$ 302,1 milhões, de acordo com o grupo, e a reserva de pagamento baseada em ações relacionada a esse esquema foi de US$ 16,3 milhões.

“A mudança no acordo é contabilizada como uma modificação, com a diferença entre a reserva baseada em ações existente e o passivo baseado em ações de US$ 285,9 milhões sendo reconhecido por meio de lucros acumulados no patrimônio líquido. Após essa mudança, o esquema iFood é contabilizado em termos de política contábil do grupo como pagamentos baseados em ações liquidados em dinheiro.”

A Prosus e a Naspers também anunciaram o início de um programa de recompra de ações aberto com a venda de pequenas quantidades de ações da Tencent, gigante chinesa de tecnologia, para “desbloquear valor imediato para os acionistas”.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups