Onda vendedora depois de inflação alta reaviva temor de ‘bear market’ em NY

S&P 500 ameaça apagar ganhos acumulados desde a segunda quinzena de maio e se aproxima de atingir queda de 20% desde o pico em janeiro

Edificios en Wall Street
Por Lu Wang
10 de Junho, 2022 | 02:13 PM

Bloomberg — Quando a década de 1990 terminou, levou três longos anos para um mercado de ações supervalorizado se livrar dos excessos acumulados durante a chamada bolha da internet.

Um ajuste semelhante precisou de apenas 14 meses para se concretizar agora, um sinal de quão rápido esse mercado se move - e quão perigoso se tornou para quem acredita que pode escolher o momento certo para comprar ou vender.

Esse perigo ficou claro nesta sexta-feira (10) com a sacudida que os mercados financeiros levaram dos dados de inflação ao consumidor nos EUA, com o CPI acima das expectativas. O S&P 500 despencou abaixo da faixa em que havia se estabelecido neste mês, e os investidores que haviam visto o índice subir 9% desde que quase caiu entrou no bear market - termo que define uma queda de 20% do índice de ações em relação ao pico mais recente - em 20 de maio foram surpreendidos pela onda vendedora.

Com a queda de cerca de 2% nesta tarde de sexta-feira, o S&P 500 passa a acumular uma desvalorização de 18% em relação aos 4.796,56 pontos de 3 de janeiro deste ano.

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A inflação persistente é apenas a mais recente ameaça a um mercado atingido por uma enxurrada de golpes macroeconômicos. Tentar descobrir o que é mais importante se tornou uma tarefa inglória.

Essa é essencialmente a visão de Eric Schoenstein, cogestor do Jensen Quality Growth Fund, com US$ 9,7 bilhões em patrimônio, que, segundo dados da Bloomberg, superou 96% dos seus pares no ano passado. Com a combinação de inflação, Federal Reserve, pandemia e guerra, a única aposta segura neste momento é que a volatilidade das ações continuará.

“Parece que não há nada que você possa apontar e dizer: ‘essa é a razão, e se superarmos isso, tudo passará e podemos ir para a próxima etapa’”, disse Schoenstein. “Com toda essa incerteza, o mercado vai recuar e os investidores, francamente, provavelmente estão fazendo vendas um pouco mais indiscriminadas.”

O S&P 500 chegou a cair até 2,9% em Nova York mais cedo (10) e estendeu a perda dos últimos cinco dias para cerca de 5%, o pior desempenho semanal desde janeiro. Os preços ao consumidor mais aquecidos do que o esperado em maio alimentaram as apostas de que o banco central americano terá que endurecer sua batalha contra a inflação.

Essa tendência de vender o que puder contribuiu para uma queda épica nos múltiplos de preço do S&P 500. Depois de atingirem um pico de mais de 30 vezes os lucros há um ano, os múltiplos encolheram cerca de 40% até a mínima de maio - quase igualando o tamanho da contração durante todo o crash de 2000 a 2002.

Em outras palavras, a correção das métricas está acontecendo três vezes mais rápido do que o estouro da bolha da internet.

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