Inflação nas alturas: com alta demanda, voo fretado fica até 50% mais caro

Companhias do segmento relatam aumento da procura em voos regionais e dentro de grandes cidades como Rio e São Paulo

Demanda por aeronaves também está aquecida para destinos internacionais
04 de Junho, 2022 | 07:42 AM

Bloomberg Línea — A inflação mais elevada em duas décadas no Brasil vai muito além dos preços dos combustíveis. Na cesta de consumo, por assim dizer, das classes de alta renda, a pressão inflacionária também se faz presente de forma cada vez mais perceptível, com reajustes da ordem de 30% a 50% para o fretamento de aeronaves e helicópteros em comparação com os valores praticados antes da pandemia. O início da alta temporada das férias de meio de ano deve pressionar ainda mais os preços por causa da demanda.

São aumentos relatados por companhias que atuam no segmento. A explicação: a equação que combina demanda aquecida e custos pressionados, principalmente a alta no preço do combustível. Na cidade de São Paulo, o maior mercado de aviação executiva do país, a procura pelo aluguel de jatinhos e helicópteros neste período do meio do ano, por exemplo, deve crescer 20% com decolagens para destinos como Campos do Jordão, tradicional reduto dos paulistas nos meses mais frios, a cerca de 170 km da capital. A estimativa é da Flapper, que opera uma plataforma de aluguel de jatos com voos na América Latina.

PUBLICIDADE

É uma expansão de demanda que tem sido registrada desde momentos mais agudos da pandemia, causando até uma escassez de aeronaves. “Apenas 2,5% de todos os aviões estão disponíveis para venda, enquanto o preço de fretamento subiu até 50% na comparação com o valor que era cobrado no período pré-pandemia. O mercado está em alta”, disse o CEO da Flapper, Paul Malicki, à Bloomberg Línea.

Diante da procura elevada, a Flapper lançou uma ponte aérea Rio-São Paulo de aviação executiva e irá anunciar mais uma rota, ainda não revelada, que será operada a partir de agosto. A empresa planeja pelo menos dobrar o faturamento neste ano na comparação com 2021, segundo o executivo.

“Quando começamos a empresa em 2016, o voo São Paulo-Rio em um turbo-hélice King Air custava R$ 11 mil. Hoje custa R$ 19 mil. Voos compartilhados entre São Paulo-Angra dos Reis custava R$ 700 em um Grand Caravan. Hoje custa R$ 1.500″, disse o CEO da Flapper citando a pressão de custos.

PUBLICIDADE

Os destinos de inverno mais demandados são: Campos do Jordão, litoral do Sudeste (como Angra dos Reis), Nordeste e Miami. Há voos para cidades do agronegócio, como Sinop (Mato Grosso).

A demanda por aeronaves também está aquecida para destinos internacionais. “Voamos muito entre cidades do México e Miami, além de Miami e Caribe também”, afirmou o executivo.

Voos panorâmicos

A inflação também é percebida nos chamados voos panorâmicos, seja em destinos turísticos como Foz do Iguaçu, na divisa com a Argentina, ou dentro de cidades como Rio e São Paulo - neste caso, como os que partem do aeroporto do Campo de Marte, na zona norte, e sobrevoam cartões-postais da cidade.

PUBLICIDADE

Em dezembro do ano passado, um voo de 30 minutos para três pessoas em um helicóptero da marca Robinson custava R$ 1.500. Hoje, o mesmo serviço está 26% mais caro, saindo por R$ 1.890. Os dados foram levantados com a empresa High Class, que opera no Campo de Marte.

A demanda por aeronaves privadas aumentou com o maior interesse de passageiros que buscam evitar aglomerações e inconvenientes decorrentes da redução da malha aérea por causa da pandemia, como horários restritos para os voos, segundo Marcus Matta, CEO e fundador da Prime You, empresa de compartilhamento de jatos executivos e helicópteros, entre outros bens de luxo.

“Estamos ampliando a oferta de aeronaves dado que a demanda continua aquecida”, disse Matta, que citou um Learjet 60 e um helicóptero EC 155 B1 como novos modelos da frota da companhia, que foi autorizada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) no ano passado para atuar também com táxi aéreo.

PUBLICIDADE

Leia também:

40 relógios icônicos para todos os orçamentos

Alerta aos BCs: preços globais dos alimentos atingem recorde em maio

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.