China alivia restrições com surto de covid mais fraco. Por que isso importa

Segunda maior economia do mundo retoma medidas para estimular a atividade; ações de consumo lideram ganhos na bolsa

Una de las medidas prohibía las reuniones de grandes grupos
Por Bloomberg News
30 de Maio, 2022 | 10:11 AM

Bloomberg — A China registrou o menor número de novos casos de covid-19 em quase três meses, como reflexo da perda de força dos surtos em Pequim e Xangai. Isso abriu caminho para autoridades relaxarem alguns dos controles mais rígidos da pandemia, o que, por sua vez, deve estimular a segunda maior economia do mundo, que está fragilizada.

Em Pequim, as infecções caíram para 12 no domingo (29), ante 21 no sábado (28). As restrições de tráfego em vários distritos começaram a ser afrouxadas depois que as autoridades disseram que o surto estava sob controle. A queda aliviou a preocupação de que Pequim pudesse estar rumo a um lockdown quando registrava dezenas de casos um dia antes, apesar das restrições cada vez mais rígidas.

Em Xangai, os casos caíram para 67 no domingo, ante 122 no sábado. O centro financeiro do país lançou no domingo uma série de medidas para apoiar sua economia atingida pelo bloqueio, incluindo permitir que toda a atividade manufatureira seja reiniciada a partir de quarta-feira (1).

Houve 122 casos registrados em todo o país no domingo, o menor número desde 3 de março. A China não registra um dia sem infecções desde outubro, apesar de sua abordagem de tolerância zero ao vírus.

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Decisões relacionadas ao consumo lideraram os ganhos nas ações chinesas nesta segunda-feira (30) em reação ao afrouxamento, já que os traders compraram ações de empresas que estão posicionadas para se beneficiar de uma retomada gradual da vida normal. Ainda assim, o índice CSI 300 de referência subiu apenas 0,4%, seguindo um salto de 1,8% no índice mais amplo MSCI Ásia-Pacífico.

Embora as restrições abrangentes tenham controlado a propagação da covid nas duas cidades mais importantes da China, o vírus evoluiu para se tornar muito mais contagioso, disse Ben Cowling, presidente de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong. Isso significa que é provável que a situação se agrave mais vezes, dificultando ainda mais o controle neste momento em relação ao ano passado, quando uma cepa menos transmissível se espalhava, disse ele.

“Pequim e outras cidades da China precisariam estar preparadas para implementar medidas de controle de surtos com mais frequência no próximo ano do que em 2021 devido à maior transmissibilidade do vírus ao longo do tempo”, disse Cowling.

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Na tarde de segunda, autoridades disseram a repórteres em Pequim que havia uma infecção pela cepa ômicron na comunidade após três dias sem nenhum desses casos, ressaltando a necessidade de o país permanecer vigilante contra um possível ressurgimento.

Enquanto isso, o distrito ocidental de Haidian, em Pequim, que abriga as principais universidades do país e escritórios de empresas globais de tecnologia como a Tencent e a Microsoft (MSFT), colocou vários bairros em um lockdown de sete dias, pois as infecções persistentes representam o risco de mais disseminação comunitária.

Ações para estimular a economia

No fim de semana, Xangai disse que acelerará as aprovações de projetos imobiliários e aumentará a cota de propriedade de carros em 40 mil unidades neste ano. Um imposto de compra para alguns veículos de passageiros será reduzido e serão concedidos subsídios aos compradores de carros elétricos.

Os requisitos de testes de covid serão afrouxados para as pessoas que entrarem em locais públicos a partir de 1º de junho, enquanto a cidade tenta restaurar a sensação de normalidade após um lockdown de dois meses para seus 25 milhões de habitantes.

A adesão obstinada da China à sua política Covid Zero a todo custo – simbolizada pelo lockdown de Xangai e pelas restrições impostas em outras partes do país de 1,4 bilhão de habitantes – afetou todos os setores, desde os gastos do consumidor até a manufatura na segunda maior economia do mundo. As duras restrições, que confinaram milhões de pessoas em seus apartamentos, também provocaram confrontos entre moradores e policiais.

As medidas de Xangai são tomadas depois que o Conselho de Estado, o equivalente ao gabinete da China, descreveu um pacote de US$ 21 bilhões de descontos extras de impostos e empréstimos destinados a estimular a economia combalida. A maioria dos economistas espera que será difícil para a China atingir sua meta de crescimento econômico de cerca de 5,5% este ano devido à interrupção causada por sua abordagem contra a covid.

Em Pequim, a maior parte do transporte público, incluindo ônibus, metrô e táxis, será retomada em três distritos, incluindo o maior – Chaoyang. Os shoppings fora das áreas controladas também poderão reabrir com limites de capacidade. Chaoyang é um dos principais distritos comerciais centrais de Pequim, abrigando a maioria das embaixadas estrangeiras e muitas da comunidade de expatriados.

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Alguns moradores de Pequim que antes eram obrigados a trabalhar em casa poderão retornar aos seus escritórios, ao passo que hotéis e albergues em cinco distritos nos arredores da cidade poderão reabrir.

As escolas e jardins de infância permanecerão suspensos e os campi universitários permanecerão fechados, com os alunos a serem instados a voltar para casa antes das férias de verão do país. Jantar no local ainda é proibido em restaurantes.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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