Petróleo sobe com mercado apertado do lado da oferta

Capacidade de refino dos EUA não está acompanhando a volta da demanda, às portas do verão

WTI para entrega em julho subia 1,2%, para US$ 111,61 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York às 6h56, horário de Brasília
23 de Maio, 2022 | 07:48 AM

Bloomberg — Os preços do petróleo ampliavam as últimas quatro semanas de ganhos em meio a uma oferta de combustível mais apertada e um dólar mais fraco, embora os preços elevados estejam alimentando preocupações de que a economia mundial possa estar caminhando para uma recessão.

Os futuros do West Texas Intermediate chegaram a US$ 111 o barril, enquanto os preços da gasolina e do diesel atingiram recordes antes do início da temporada de verão nos EUA, que começa em cerca de uma semana. A oferta de petróleo foi restringida pelo boicote aos embarques russos após a invasão da Ucrânia, enquanto os mercados de produtos estão mostrando escassez, já que a capacidade de refino não consegue acompanhar a recuperação da demanda.

O aumento dos custos de energia contribuiu para a inflação galopante, levando os bancos centrais ao redor do mundo a aumentar as taxas e alimentar preocupações com o crescimento lento. O chefe da Agência Internacional de Energia e o ministro do Petróleo da Índia, falando no Fórum Econômico Mundial em Davos, emitiram alertas sobre o risco de preços altos.

“Podemos ver os preços subindo ainda mais, sendo muito mais voláteis e se tornando um grande risco de recessão para a economia global”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, em entrevista à Bloomberg TV em Davos.

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Seus sentimentos foram ecoados pelo ministro indiano de petróleo e gás, Hardeep Singh Puri, que disse que vários dos vizinhos de seu país estão em “severos apuros” por causa da alta dos preços. “Não nos enganemos: o petróleo a US$ 110 o barril constitui um desafio para o mundo inteiro.”

O petróleo subiu este ano devido ao aumento da demanda e às complexas consequências globais da invasão da Rússia.

Em comentários divulgados no fim de semana, a Arábia Saudita sinalizou que continuará apoiando o papel da Rússia no grupo de produtores da Opep+, minando os esforços liderados pelos EUA para isolar Moscou por sua invasão da Ucrânia, disse o Financial Times. O reino esperava chegar a um acordo com a Opep+ que inclui a Rússia, disse ao jornal o ministro da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman.

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Um aumento adicional para o petróleo veio do enfraquecimento do dólar, o que torna a commodity mais barata para os detentores de outras moedas. O dólar caía nesta segunda-feira (23) após uma queda de 1,4% na semana passada, a maior desde novembro de 2020.

Ao mesmo tempo, a China impôs uma série de lockdowns dolorosos para conter os surtos de covid-19, prejudicando a maior economia da Ásia. Em Xangai, as autoridades estabeleceram os critérios para categorizar partes do centro comercial como de baixo risco para o vírus, pois procuram encerrar um lockdown de dois meses, sem novos casos fora da quarentena relatados. Pequim, no entanto, registrou um número recorde de casos, reavivando a preocupação de que a capital possa enfrentar um bloqueio.

Preços do petróleo

O WTI para entrega em julho subia 1,2%, para US$ 111,61 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York às 6h56, horário de Brasília

O Brent para liquidação em julho avançava 1,3% para US$ 114 o barril na bolsa ICE Futures Europe.