Crise de liquidez? Advent levanta novo fundo com US$ 25 bilhões

Gigante de private equity com presença no Brasil capta em menos de seis meses recursos para o segundo maior fundo da indústria

Apesar do aumento dos juros nos Estados Unidos, ainda há apetite de fundos para investimentos em empresas
Por Jan-Henrik Förster
23 de Maio, 2022 | 08:31 PM

Bloomberg Línea — A Advent International levantou US$ 25 bilhões no segundo maior fundo de private equity já registrado.

A gigante global de private equity, que é de propriedade majoritária de seus sócios, levou menos de seis meses para levantar o valor, de acordo com um comunicado nesta segunda-feira (23), em que ressalta como a demanda dos investidores por fundos de aquisição de grande capitalização continua forte, apesar de um cenário econômico cada vez mais sombrio.

O fundo chamado de “Advent International GPE X LP” atraiu o investimento de fundos de pensão, fundos soberanos, doações e indivíduos de alto patrimônio líquido, aumentando os ativos sob gestão da empresa para mais de US$ 100 bilhões. O fundo atingiu seu limite máximo, ou a quantia máxima que a Advent queria levantar.

Os ciclos de captação de recursos diminuíram nos últimos anos, à medida que os investidores buscavam classes de ativos para oferecer retornos mais altos em uma era de baixas taxas de juros, o que levou as maiores empresas de private equity do mundo a lançar fundos cada vez maiores para formar suas reservas para negociações.

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“Estamos no mercado desde 1984 e, na realidade, não planejamos fazer nada diferente com este fundo do que fizemos já antes”, disse James Brocklebank, sócio da companhia, em entrevista. “Os elementos cruciais da nossa estratégia estão relacionados a um conhecimento muito profundo do setor”, disse.

As equipes da Advent querem direcionar os negócios em setores como serviços financeiros, saúde, industrial, varejo, consumo e lazer e tecnologia.

Este será o segundo maior fundo de todos os tempos, atrás de um veículo de US$ 26 bilhões que a Blackstone levantou em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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‘Carveouts cada vez mais comuns

Brocklebank, sócio da Advent, disse que vê um número crescente dos chamados “carveouts corporativos”, ou a venda de uma parcela de um determinado negócio, e acordos de privatização.

“Gastamos um pouco mais de tempo em situações de menor probabilidade – isso é uma vantagem”, disse David Mussafer, sócio-gerente da Advent.”Talvez haja apenas 10% de chance de que haja uma transação que possamos executar, mas, se acontecer, é uma tremenda oportunidade.”

O novo fundo da Advent é aproximadamente 40% maior que seu antecessor de US$ 17,5 bilhões, levantado em 2019. A Bloomberg informou no ano passado que a Advent já estava mirando um novo fundo de US$ 25 bilhões.

A Advent é conhecida por se concentrar em aquisições alavancadas, carveouts e investimentos de capital de crescimento, principalmente na Europa e na América do Norte, e por uma forte trajetória em setores de alto crescimento, como pagamentos, por exemplo. No ano passado, a empresa levantou US$ 4 bilhões para seu segundo fundo de tecnologia.

No Brasil, a Advent fez investimentos recentes em empresas como a Tigre (materiais de construção), a EBANX (soluções de pagamento para e-commerce) e a CI&T (tecnologia).

Certamente, a inflação crescente e as taxas de juros mais altas e a invasão da Ucrânia pela Rússia provocaram preocupações de que a arrecadação de fundos pudesse começar a diminuir. Isso levou muitos gestores a apressar novos fundos antes que os mercados se deteriorassem ainda mais. Alguns, como a Blackstone e a Apollo Global, tiveram que ser criativos na corrida pelo dinheiro dos investidores.

“Cada vez que estamos em uma situação como essa, precisamos provar a nós mesmos – você é tão bom quanto seu último negócio”, disse Brocklebank, acrescentando que a inflação é uma prioridade que o fundo está abordando junto com suas empresas de portfólio. A empresa não tem intenção de abrir o capital como muitos de seus pares, acrescentaram os dois sócios da Advent.

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– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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