Descolada do mundo, China pode cortar juros na próxima reunião por lockdowns

Decisão de política monetária está programada para ocorrer pouco antes de o governo publicar dados econômicos mensais

Yuanes
Por Bloomberg News
13 de Maio, 2022 | 11:15 AM

Bloomberg — A China provavelmente divulgará os indicadores econômicos mensais mais fracos desde o início da pandemia há dois anos, e a pressão aumenta sobre o banco central para ampliar o estímulo monetário.

Mas os economistas ainda estão divididos sobre se o Banco Popular da China vai agir já na segunda-feira com corte de juros.

O banco central tem que pesar a necessidade de mais estímulos contra a preocupação de que uma flexibilização excessiva em um momento em que o Federal Reserve eleva juros pode impulsionar as saídas de capital.

A decisão de política monetária está programada para ocorrer pouco antes de o governo publicar dados econômicos mensais que revelarão a extensão dos danos causados pelos lockdowns em abril em grandes centros como Xangai. Os números devem mostrar uma forte deterioração nas vendas no varejo, na produção industrial e no investimento durante o mês.

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A taxa de desemprego, que deve subir novamente para uma máxima de dois anos, também estará em foco depois que os principais líderes fizeram uma promessa urgente recentemente de estabilizar o emprego em meio à queda da confiança empresarial.

Treze dos 25 economistas consultados pela Bloomberg esperam que a taxa de juros sobre empréstimos de um ano permaneça inalterada em 2,85%. Dos 12 que preveem uma redução, cinco esperam um corte de 0,05 ponto percentual, seis veem uma redução de 0,1 ponto percentual e apenas um prevê que a taxa seja reduzida para 2,7%.

O BC chinês se depara com um conjunto de fatores que complicam as considerações de política monetária. A queda na atividade econômica em abril reforça os pedidos de mais flexibilização monetária para sustentar o crescimento. Alguns economistas também argumentam que o banco central precisa fazer uso da atual janela de flexibilização antes que mais aumentos nas taxas do Fed restrinjam seu espaço de manobra.

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Outros apontam para fatores que restringirão uma maior flexibilização: a autoridade monetária expressou preocupações sobre pressão inflacionária e a política monetária mais apertada do Fed e outros bancos centrais, que desencadeou uma forte depreciação do yuan em relação ao dólar desde o final de abril e aumentou as saídas de capital.

“Um corte na taxa de referência pode ter espaço limitado no curto prazo com as perturbações de Covid e a alta do Fed, então o modo preferido de flexibilização pode voltar a ser a flexibilização quantitativa”, disse. Liu Peiqian, economista da NatWest.

Além disso, alguns argumentam que os bancos comerciais podem ser capazes de reduzir a sua principal taxa de empréstimo - que é a taxa de referência na prática - no final da próxima semana, mesmo sem um corte de juros do BC chinês.

A autoridade monetária do país orientou os bancos a reduzir suas taxas de depósito em 0,1 ponto percentual em abril, um movimento que lhes permite reduzir as taxas de empréstimo sem prejudicar seus lucros.

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