Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana

Estimativas de inflação, calendário de balanços e falas de dirigentes de política monetária marcam a semana que vem

Dois dias depois da ata, será a vez do IPCA de abril influenciar as expectativas inflacionárias e as apostas em aperto monetário
Por Josue Leonel
07 de Maio, 2022 | 09:00 PM

Bloomberg — O mercado afinará as apostas em altas adicionais de juros na próxima semana com a ata do Copom e o IPCA de abril, que tem estimativa de desaceleração. Expectativas sobre juros globais devem ser influenciadas por CPI dos EUA e falas de dirigentes do Fed e BCE. China divulga inflação e balança em meio a receios sobre Covid. Balanços do Itaú e frigoríficos, além de decisão do TCU sobre Eletrobras, são destaques corporativos. Reações políticas a aumentos de combustíveis e energia também estão no radar.

Ata do Copom

O mercado buscará na ata do Copom detalhes sobre a sinalização dada pelo BC no comunicado da reunião desta semana, que elevou a Selic para 12,75%. O BC disse ser provável que haja novo aumento, de menor magnitude, da taxa de juros. Os juros futuros subiram após o Copom e com a pressão do dólar diante da piora do cenário externo, o que impulsionou as apostas em aperto monetário. Nesta sexta, a curva de DI precifica mais uma alta da Selic de 0,55 ponto percentual em junho e uma elevação final de 0,27pp em agosto. Primeira pesquisa Focus após o Copom deveria sair na segunda-feira, mas esta e outras divulgações de dados do BC tendem a voltar a sofrer atrasos diante da retomada da greve dos funcionários.

Inflação e atividade

Dois dias depois da ata, será a vez do IPCA de abril influenciar as expectativas inflacionárias e as apostas em aperto monetário. Estimativa mediana dos economistas é de que o índice mensal desacelere para 0,99%, após forte alta de 1,62% em março, mas no comparativo anual a previsão é de nova aceleração, de 11,30% para 12,09%. O Itaú elevou a a projeção de IPCA em 2022 de 7,5% para 8,5%. Divulgado nesta sexta-feira, o IGP-DI desacelerou mais que o previsto no mês passado. A semana ainda terá dados importantes de atividade, como vendas no varejo e volume de serviços de março. Os dados anteriores trouxeram algum alento para as expectativas sobre o PIB neste ano.

CPI-EUA e juros globais

Assim como o Brasil, os EUA também divulgam o CPI de abril no dia 11, com estimativa de desaceleração do dado cheio, para 0,2%, mas aceleração do núcleo, para 0,4%. Agenda ainda traz o PPI e falas de vários dirigentes do Fed, como Thomas Barkin e Christopher Waller. A divulgação de dados de emprego e salários mistos nesta sexta-feira não alterou a visão de que o Fed persistirá em sua política agressiva de aperto. A política monetária de outros países também está no radar com o BC do Japão, que divulga ata do encontro de março neste domingo, e fala de Christine Lagarde, do BCE, dia 11. A China deve divulgar dados da balança e inflação. A política de Pequim de usar lockdowns para zerar o surto de Covid tem gerado volatilidade nos preços de commodities como o minério de ferro.

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Reação a preços de energia

Aumentos de preços e tarifas causam repercussões políticas. Em meio às altas dos preços do petróleo e do dólar, o presidente Bolsonaro criticou nesta quinta-feira o lucro elevado da Petrobras e disse que a empresa não deve reajustar os combustíveis. No Congresso, aliados do governo querem que a Aneel controle a rebelião provocada no Congresso pelo reajuste das contas de luz, segundo o Estado. A agência deu sinal verde a aumentos próximos a 25%, como no Ceará, e agora deputados falam até em criar uma CPI sobre os reajustes. O mercado ainda segue atento às pesquisas eleitorais, que mostraram nas últimas semanas um estreitamento da vantagem do ex-presidente Lula sobre Bolsonaro. O ex-presidente, cujas declarações polêmicas têm preocupado o PT segundo os jornais, deve ter sua candidatura a presidência lançada neste sábado e participa de eventos em Minas Gerais na segunda-feira. A retomada dos comentários sobre o sistema eleitoral brasileiro por Bolsonaro também movimenta o noticiário político.

Bancos e Eletrobras

A temporada de balanços do 1º trimestre caminha para o final concentrando um volume expressivo de resultados -- entre os quais grandes bancos como Itaú e BTG Pactual, dia 9, e Banco do Brasil, dia 11, quando também saem balanços da JBS e Minerva. Braskem, Copel, Cemig e MRV também estão entre empresas que divulgarão resultados. A Zenite espera concluir a combinação de negócios com a Eve, da Embraer, no dia 9 de maio. A companhia que será criada espera captar mais de US$ 500 milhões em IPO na Nyse. Vence na próxima semana o prazo para o TCU decidir sobre a privatização da Eletrobras, após os 20 dias de vista concedidos pelo tribunal.

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