Dubai atrai banqueiros e vira ‘Wall Street de criptos’

Ricardo Teng, chefe para Oriente Médio e Norte da África da Binance, diz haver muita procura por vagas na região de profissionais da área

Changpeng Zhao
Por Ben Bartenstein
07 de Maio, 2022 | 09:01 AM

Bloomberg — À sombra do hotel Burj Al Arab, em Dubai, executivos de criptos confraternizavam com a realeza dos Emirados, banqueiros de Wall Street e influenciadores do Instagram.

As festividades do final de março foram organizadas pela Binance Holdings, nos Emirados Árabes Unidos, que está rapidamente se tornando um centro global para moedas digitais.

O cofundador e CEO Changpeng ‘CZ’ Zhao não compareceu ao evento porque se recuperava da covid, mas ele foi tema principal entre os convidados, que aspiram replicar sua rápida ascensão de desenvolvedor de software a uma das pessoas mais ricas do mundo.

Seguindo o exemplo de Zhao, muitos estão migrando para os Emirados Árabes Unidos, que ele chamou de “Wall Street das criptomoedas”. A euforia também engloba banqueiros locais, advogados e grandes executivos de tecnologia.

PUBLICIDADE

“Vemos muito interesse de funcionários de instituições financeiras tradicionais que querem trabalhar para nós”, diz Ricardo Teng, chefe para Oriente Médio e Norte da África da Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo em volume de negociação, em entrevista no escritório da Bloomberg em Dubai. “Na verdade, estamos recrutando vários deles.”

Em fevereiro, a Binance contratou Vishal Sacheendran, ex-executivo do Bank of New York Mellon, como seu diretor para Oriente Médio e Norte da África, nos Emirados Árabes Unidos. Robbie Nakarmi, conselheiro sênior da empresa em Dubai, ingressou no final do ano passado após quase uma década como advogado de fusões e aquisições.

Eles não estão sozinhos.

Ahmed Ismail, ex-Bank of America e Jefferies em Dubai, fez uma mudança em 2017. Ele lançou o HAYVN, um banco de investimento em moeda digital com sede em Abu Dhabi, com Chris Flinos, um colega do BofA. Ele disse que vários amigos recentemente deixaram seus empregos em bancos para lançar fundos de investimento em criptomoedas.

“Tudo começa de cima”, disse Ismail em comentários por e-mail. “Testemunhamos os Emirados Árabes Unidos dando um grande impulso no desenvolvimento de infraestrutura de classe mundial e um ambiente regulatório para as empresas de criptomoedas prosperarem e chamarem de lar.”

O aumento da inflação obriga mais investidores a considerarem os ativos digitais como um hedge, mas muitos foram atingidos por perdas acentuadas. A Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, caiu quase pela metade desde seu pico em novembro passado.

As políticas amigáveis dos Emirados Árabes Unidos para as criptos -- em contraste com as regulamentações mais rígidas em outras jurisdições - atraíram as maiores empresas. Em uma entrevista no final de março, Zhao, da Binance, disse que Dubai é a sede da empresa sob qualquer interpretação. “Aonde quer que vamos, os players da indústria tendem a seguir.”

PUBLICIDADE

O fundo de cripto Three Arrows Capital disse no mês passado que planeja mudar sua sede de Singapura para Dubai.

“Não será fácil destronar os Emirados Árabes Unidos como o centro global de criptomoedas”, disse Gabriel Abed, embaixador de Barbados na nação do Golfo. Abed criou a primeira empresa de blockchain do Caribe em 2010 e hospedou Zhao, da Binance, em sua casa quando o bilionário sino-canadense se estabeleceu nos Emirados Árabes Unidos.

“Este país tem literalmente todas as peças do quebra-cabeça – a liderança, os regulamentos, as zonas francas, o talento e o capital”, disse Abed em entrevista por telefone.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Inflação implícita se aproxima de 7% no Brasil com novo avanço do petróleo