América Latina é destaque na segurança do mercado blockchain

Para especialista, região pode assumir protagonismo no desenvolvimento de infraestrutura voltada a essa tecnologia

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Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo - A descentralização tem papel fundamental no mercado das criptomoedas, já que é por meio dela que redes blockchain se mantêm seguras. A ausência na prática desse conceito básico leva, muitas vezes, a tristes resultados. O mais recente é o hack da bridge da rede Ronin. O episódio foi possível porque as transações dentro da plataforma pediam apenas cinco confirmações, de um total de nove validadores, o que resultou em uma perda de US$ 624 milhões.

A ideia de descentralização, no entanto, não se limita à segurança. Sang Lee, cofundador da empresa de serviços financeiros focados em criptomoedas VegaX Holdings, avaliou que ela é vital para que ativos digitais entrem no mercado de capitais. E a América Latina pode desempenhar uma importante campanha na expansão dos registros distribuídos.

Protagonismo latino

Maggie Wu, CEO de um fundo de capital de risco chinês investindo na América Latina, acredita que a região é um oceano a ser explorado. Essa visão é compartilhada por outros protagonistas do mercado cripto, como a SenseiNode.

A empresa fornece infraestrutura para blockchains, sendo a primeira do ramo na América Latina. Seu principal produto é o modelo de “nós como serviço”. Nó é o nome dado a um integrante de uma rede distribuída que, dentre outras tarefas, ajuda a manter seus registros íntegros. Quanto mais nós uma rede tem, mais descentralizada ela é.

Pablo Larguia, CEO da SenseiNode, salienta que manter um nó ativo pode demandar muito tempo e conhecimentos específicos. “Automatizamos a criação de nós em diversos provedores de hospedagem e garantimos que eles estarão sempre ativos e atualizados”, diz.

A SenseiNode recebeu US$ 3,6 milhões em investimentos para expandir seus serviços de nós na América Latina. A escolha pela região se dá em razão do alto índice de adoção das moedas digitais, destaca Larguia. Um relatório recente da Chainalysis aponta que, entre os 20 países que mais utilizam criptomoedas, quatro são latino-americanos: Venezuela, Brasil, Colômbia e Argentina.

“O potencial para desenvolvimento da região é enorme. Falando sobre o Ethereum, menos de 1% dos nós ao redor do mundo ficam na América Latina. E Brasil, Argentina, México e Chile apresentam os crescimentos mais rápidos. A SenseiNode planeja lançar centenas de nós nesses países até o fim de 2022.”

Medida necessária

O rápido avanço das criptomoedas, especialmente em finanças descentralizadas, tem feito com que fundamentos da tecnologia blockchain sejam esquecidos por projetos.

Para agilizar cada vez mais as transações, aplicações se esquecem do Trilema das Blockchains, termo cunhado pelo cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin. Esse conceito divide as redes descentralizadas em segurança, escalabilidade e descentralização. A ideia é apresentar evoluções nas três áreas, sem que uma delas fique prejudicada.

Ou seja: tem ocorrido uma escolha pela escalabilidade em detrimento da segurança e, consequentemente, da descentralização. A palavra escalabilidade está relacionada à capacidade da rede, envolvendo quantas transações por segundo ela consegue processar, seus custos, a possibilidade de desenvolvimento de novas aplicações, entre outras.

Entendendo na prática

Retornando ao exemplo da Ronin, o episódio que permitiu o hack teve início em 2021, quando o número de jogadores de Axie Infinity aumentou significativamente. O jogo não ficava no ar por mais de cinco minutos, devido ao alto fluxo transacional. Para agilizar a aprovação de transações e aumentar a capacidade da rede, uma forma para chegar rapidamente ao consenso da rede foi criada.

Foi nesse momento que o consentimento de apenas cinco validadores, de um magro total de nove, foi decidido e nunca mais alterado. Em outras palavras, a redução da descentralização ocasionou o maior roubo de criptomoedas de todos os tempos.

A equipe responsável pela rede Ronin, após o ataque, aumentou o número de validações necessárias para aprovar uma transação, de cinco para oito – basicamente, um consenso de 99% da rede. Além disso, existem planos para elevar ainda mais esse número. A título de comparação, a blockchain Terra conta com 130 validadores, já considerado baixo por pesquisadores de segurança na área de criptomoedas.

No cenário atual do mercado cripto, empresas com a SenseiNode fazem um trabalho importante, deixando a América Latina em lugar de destaque nesse movimento.

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