Páscoa sem bacalhau? Pressão por demanda e inflação encarecem itens tradicionais

Levantamento da FGV mostra os itens tradicionais tiveram um aumento de 3,93% em comparação com 2021 - e que o bacalhau, por exemplo ficou 11,50% mais caro de lá pra cá

Peixes, azeite e ovos mais caros
15 de Abril, 2022 | 07:05 AM

Bloomberg Línea — Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que itens tradicionais na mesa de Páscoa do brasileiro registraram aumento médio de 3,93% em comparação com o ano passado, com alguns itens registrando um aumento considerável. Entre os que mais encareceram no período, destacam-se os relacionados a hortifruti, proteínas e importados.

A couve, por exemplo, teve um aumento 21,50% no último ano, seguido da batata-inglesa, com 18,43%, sardinha em conserva, aumento de 16,44%, azeite, com 15,63%, azeitona em conserva, alta de 14,38% e, finalmente, o tradicional bacalhau, com alta de 11,50%.

No entanto, a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostrou que os itens tiveram forte desaceleração se comparados ao ano passado, quando a mesma cesta registrava aumento superior a 25%.

Para o economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha, o cenário de 2020 e 2021 tinha características e riscos diferentes.

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“Vivíamos uma tempestade perfeita para essa cesta especificamente, problemas climáticos e forte desvalorização cambial”, explica. “No entanto, o novo problema de monções em 2022 e o fim da seca generalizada fizeram os hortifrutis assumir o protagonismo da inflação.”

Na ponta positiva, o arroz foi responsável por “segurar” o aumento médio da cesta - isso porque o item recuou 12,20% em comparação com o ano passado, sendo o principal responsável pela desaceleração da cesta como um todo.

Se retirássemos apenas o arroz, a inflação dos itens de Páscoa seria de 9,79%, um pouco acima da inflação registrada no Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC), de 9,18% no mesmo período.

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Mais aumentos pela frente

Para Peçanha, os aumentos podem não parar por aí. Com a pressão pela demanda da Semana Santa, é preciso ficar atento ao aumento súbito dos preços.

“A pesquisa não mostra, em definitivo, a elevação dos itens de Páscoa que o consumidor vai encontrar. Só medimos o que aconteceu com os preços dessa cesta específica nos últimos 12 meses até março deste ano”, justifica.

Ele lembra que, dada a pressão sazonal da demanda, “os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda”. Além disso, ainda que o índice não tenha contemplado itens como ovos de chocolate e colombas, por exemplo, estes devem sofrer igualmente.

Confira os números divulgados pela FGV na variação acumulada nos últimos 12 meses, entre abril de 2021 e março de 2022:

  • Arroz: -12,20%
  • Batata-inglesa: 18,43%
  • Cebola: 6,41%
  • Couve: 21,50%
  • Bolo pronto: 7,49%
  • Bombons e chocolates: 3,92%
  • Ovos: 9,89%
  • Pescados frescos: 8,33%
  • Atum: 3,59%
  • Bacalhau: 11,50%
  • Sardinha em conserva: 16,44%
  • Azeite: 15,63%
  • Azeitona em conserva: 14,38%
  • Vinho: 6,12%

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.