China retoma aprovação de videogames e alivia temor da comunidade gamer

Os líderes da indústria, Tencent Holdings e NetEase, ficaram ausentes da lista que incluía um jogo da Baidu, o “Flash Party” da XD e o “Watch Out For Candles” da iDreamSky

Primeiro lote de novas licenças de videogame é aprovado
Por Bloomberg News
11 de Abril, 2022 | 07:07 PM

Bloomberg — A China aprovou o primeiro lote de novas licenças de videogames desde julho, encerrando uma lacuna de meses, deixando aflita a maior arena de jogos para dispositivos móveis do mundo.

A Administração Nacional de Imprensa e Publicações da China publicou uma lista de 45 títulos em seu site na segunda-feira (11), confirmando uma reportagem anterior da Bloomberg News. Os líderes da indústria, Tencent Holdings e NetEase, ficaram visivelmente ausentes de uma lista que incluía um jogo da Baidu, o “Flash Party” da XD e o “Watch Out For Candles” da iDreamSky.

A tão esperada retomada do licenciamento provavelmente aplacará os piores temores dos investidores sobre as intenções de Pequim para o setor de jogos, que foi criticado por incentivar o vício e o comportamento indesejável entre os jovens. A NetEase e a Bilibili subiram mais de 8% nas negociações pré-mercado em Nova York, enquanto a DouYu teve ganhos de mais de 6%.

A ampla repressão tecnológica de Pequim – que envolveu setores de comércio eletrônico, fintechs e até educação online – atingiu os jogos online em agosto, quando os reguladores introduziram medidas rigorosas limitando o tempo de jogo para menores e impuseram novos requisitos destinados a conter o vício. O órgão de vigilância da mídia também está revisando novos títulos para determinar se eles atendem a critérios mais rigorosos sobre conteúdo e proteção infantil, um esforço que atrasou os lançamentos, informou a Bloomberg News.

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A lista foi distribuída privadamente aos desenvolvedores antes do anúncio na segunda-feira (11), segundo fontes familiarizadas com o assunto, pedindo para não serem identificadas ao discutir um comunicado privado. A NetEase se recusou a comentar, e a Tencent também não se manifestou de imediato. Representantes da agência não estavam disponíveis para comentar após o horário comercial.

A retomada das aprovações de jogos provavelmente deixará os investidores nervosos com as perspectivas do maior negócio da Tencent.

Investidores que sofreram perdas durante um congelamento de 10 meses nas licenças de monetização de jogos em 2018 experimentaram um déjà vu em 2021, quando um jornal apoiado pelo Estado acusou a indústria de vender “ópio espiritual” antes de voltar atrás nessa descrição um tanto pesada. Em setembro, os reguladores convocaram as principais editoras de jogos para discutir a supervisão de seus títulos e a necessidade de diminuir a ênfase nos lucros, informou a agência de notícias oficial, Xinhua. Em novembro, o 21st Century Business Herald informou que as aprovações de jogos poderiam ser reiniciadas em breve, provocando uma alta nas ações de jogos.

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Mas a desaceleração já começou a pesar na divisão mais lucrativa da Tencent, que ainda depende muito da longevidade dos títulos de sucesso, Honor of Kings e Peacekeeper Elite. A receita de jogos domésticos subiu apenas 1% durante o trimestre de dezembro, ficando atrás do aumento de 34% em seus negócios internacionais, arrastando o crescimento geral das vendas da Tencent para o ritmo mais lento desde 2004.

Os executivos enfatizaram que veem os desafios domésticos como “temporários”, acrescentando que eles têm uma grande quantidade de jogos prontos para lançamento assim que as incertezas diminuirem. Após semanas de atraso, a empresa lançou o aguardado título para smartphones, League of Legends, na China em outubro, enquanto o torneio de e-sports da franquia e a nova série de anime atraíram centenas de milhões de visualizações.

Mas a incerteza continua a perseguir o setor de mídia social e entretenimento online. A China iniciou na semana passada uma campanha formal para conter o potencial abuso de algoritmos por gigantes da internet, como a ByteDance e a Tencent, visando a maneira como as plataformas de mídia social exibem anúncios e conteúdo para fisgar os usuários.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, localization specialist da Bloomberg Línea.

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