Bloomberg — O Bitcoin (BTC) ficou abaixo de US$ 42 mil pela primeira vez desde 23 de março, voltando ainda mais para o intervalo em que foi negociado este ano com as crescentes preocupações com o aumento das taxas de juros.
A maior criptomoeda do mundo caía para US$ 41.918 na manhã desta segunda-feira (11), recuando pelo sétimo dia entre os últimos oito. Desde que atingiu o pico de pouco mais de US$ 48 mil no final de março, o Bitcoin e outros tokens despencaram por preocupações com uma política monetária mais rígida. Mesmo o burburinho em torno da conferência Bitcoin 2022 em Miami na semana passada não foi suficiente para reverter a tendência.
A inflação nos Estados Unidos provavelmente acelerou para 8,4% em março, o ritmo mais rápido desde o início de 1982, segundo economistas consultados antes dos dados previstos para terça-feira (12). O Federal Reserve pode precisar aumentar as taxas de juros acima de 4%, disse o economista-chefe do Goldman Sachs (GS), Jan Hatzius, na sexta-feira (8).
As expectativas de uma política monetária mais rígida prejudicaram a demanda por ativos mais arriscados, como criptomoedas e ações de tecnologia, que estão cada vez mais atreladas em suas movimentações. Outros tokens populares também caíram na segunda-feira, com o Polkadot (queda de 8,7%) e o Ether (ETH) (queda de 4,6%).
“Agora que a empolgação pelo Bitcoin 2022 passou, o relatório de preços ao consumidor dos Estados Unidos de terça-feira (que possivelmente será ruim) é um lembrete de que o Fed está entre a cruz e a espada quando se trata de combater a inflação descontrolada sem afundar a economia”, disse Antoni Trenchev, sócio-gerente da credora de criptomoedas Nexo, em comentários por e-mail.
O Bitcoin também ficou abaixo de sua média móvel de 50 dias. O token foi negociado a US$ 41.998 às 17h22 de Hong Kong (6h22 de Brasília) – uma queda de 2,6% no dia. As ações ficaram em baixa na maior parte do tempo, com os mercados chineses caindo acentuadamente e o índice Stoxx 600 da Europa caindo 0,6%.

O Bitcoin ficou na faixa de cerca de US$ 35 mil a US$ 45 mil durante grande parte do ano até agora. O rali acima de US$ 48 mil no mês passado apagou brevemente suas perdas do ano, mas o token atingiu resistência em torno de sua média móvel de 200 dias.
O estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak + Co., Matt Maley, disse que não considera o sell-off preocupante.
“A retração da alta do final de março é mais técnica”, disse Maley em comentários por e-mail. “Após sua alta de 35% de janeiro até o final de março, o Bitcoin foi muito sobrecomprado. Então, está variando com essa condição. Desde que fique acima de US$ 40 mil, sua tendência de alta de vários meses permanecerá intacta”.
Ainda assim, a tendência do Bitcoin de se mover em sincronia com ativos como ações de tecnologia dos EUA torna a queda menos surpreendente após uma semana difícil para os mercados americanos. Sua correlação com o índice Nasdaq 100 (NDX) está de volta a níveis recordes.

“O Nasdaq 100 fechou abaixo de sua média móvel de 50 dias na sexta-feira, então agora não seria um mau momento para o Bitcoin quebrar sua correlação com o índice carregado de tecnologia”, disse Trenchev, da Nexo. “Se o Bitcoin fechar acima de US$ 45 mil novamente, tudo vai ficar bem.”
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
- Mercados iniciam no vermelho semana que inclui dados chave e nova safra de balanços
- Petróleo cai com piora de surto da China levantando receio com demanda
© 2022 Bloomberg L.P.