Criptomoedas, uma experiência bem-sucedida como meio de pagamento

Fintechs têm levado para lojistas e consumidores plataformas que permitem o uso de moedas digitais na hora de pagar por produtos e serviços

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Tempo de leitura: 4 minutos

Por Roseli Lopes para Mercado Bitcoin

São Paulo - As criptomoedas não avançam apenas sobre o mercado financeiro como uma nova opção de investimento. Agora, disputam espaço em um segmento até então dominado por bancos e administradoras de cartões de débito e crédito: o de meios de pagamento.

Apoiada na segurança da tecnologia blockchain, a utilização das moedas digitais na compra de produtos e serviços, que não se restringe ao Brasil, tem despertado o interesse de lojistas e consumidores, atentos à oportunidade de uso em lojas físicas e virtuais.

Entre os motivos que ajudam a explicar essa atração estão a rapidez, a praticidade, a transparência e a segurança da transação com criptos, feita em ambiente descentralizado, dispensando qualquer intermediário para sua validação, como um banco, por exemplo. O pagamento e recebimento de valores podem ser feitos a qualquer hora, 24 horas por dia.

Outra motivação vem do custo menor da operação. Especialmente para o lojista. Hoje, a taxa paga por venda recebida em criptomoedas é significativamente inferior à cobrada por bancos e administradoras de cartões. Costuma não passar do 0,5%, enquanto no pagamento convencional fica entre 2% e 4%. Taxa maior, lucro menor.

Brasil bem na fita

Maior processadora global de pagamentos em criptomoedas, a CoinPayments, plataforma com atuação em mais de 190 países e US$ 20 bilhões em transações efetivadas desde o início de suas atividades, em 2013, diz que a maioria dos pagamentos em criptomoedas é feita por pessoas físicas, com 35% de representatividade no volume total. E o Brasil é destaque dentro dessa operação.

“Em 2019, a América Latina representava 3% de nossos processamentos em criptomoedas. Em 2020, essa participação subiu para 18% e, em 2021, chegou a 22%. Desses 22%, o Brasil responde pela metade dos pagamentos”, conta Rubens Neistein, Business Manager da plataforma.

A meta é de que o país se mantenha como carro-chefe na região, puxando o crescimento de 30% a 40% previsto para 2022 nas capturas de vendas com uso das moedas digitais. O valor de despesa paga nesse ativo é um dos ingredientes dessa aposta.

Em 2021, o tíquete médio de gasto processado pela CoinPayments com uso de criptomoedas foi de R$ 450, segundo Neistein. Em janeiro deste ano, o valor médio no cartão de débito no Brasil com pagamento em outra moeda ficou em R$ 68, nos dados do Banco Central.

Unindo forças

No mundo, a CoinPayments tem em sua carteira digital dois milhões de clientes pessoa física e mais de 100 mil lojistas. No mercado brasileiro, sua principal estratégia para 2022 são as parcerias. “Buscamos trabalhar em conjunto com plataformas de e-commerce e de pagamentos para ampliar o uso das criptomoedas no varejo, diz Neistein.

Presente no Brasil em 500 mil pontos de venda físicos e 10 mil no e-commerce, a fintech Shipay, que integra os principais meios de pagamento digitais, começou 2022 com duas novidades: uma parceria com a CoinPayments, fechada no final de 2021, e a inclusão das criptomoedas em seu portfólio, 170 ao todo.

“Hoje, qualquer loja, grande ou pequena, consegue receber em moedas digitais pelas vendas usando nossa conexão com mais de 200 parceiros de software que nos levam a mais de meio milhão de estabelecimentos comerciais”, diz Luiz Coimbra, um dos sócios fundadores da Shipay.

Com apenas dois anos de mercado e clientes como a rede de fast-food Burger King e lojas do Grupo Via Venetto, do segmento têxtil, por exemplo, soma cerca de R$ 6 bilhões transacionados entre Pix e carteiras digitais desde sua fundação, e agora sonha alto: quer pisar em outros mercados da América Latina

“Podemos ajudar criptomoedas desenvolvidas lá fora a vir para o Brasil e ampliar a utilização desses ativos virtuais no comércio, diz Charles Hagler, também sócio cofundador da Shipay. Em março, a CoinPayments ainda fechou parceria com a Digital Manager Guru, plataforma de vendas on line, com o mesmo objetivo de ampliar os pagamentos com moedas digitais.

Movimento sem volta

Sim, são fintechs como a Shipay que estão mudando a relação de consumidores e varejo com as criptomoedas e levando esses ativos a ganhar cada vez mais competitividade no sistema financeiro. Por isso também entraram no radar dos investimentos de capital de risco.

Dos US$ 2,04 bilhões investidos, no primeiro trimestre de 2022, em startups brasileiras, pelo mercado de Venture Capital, as fintechs como um todo ficaram com US$ 1,03 bilhão, segundo levantamento da plataforma de inovação Distrito.

Para Fabiano Nagamatsu, cofundador do Angel Investor Club e gestor da Ostem Moove, aceleradora e investidora, a descentralização, a blockchain e tudo que orbita o mundo cripto pode ser determinante para uma fintech entrar na carteira desses investidores.

“Investidores têm olhado com atenção para empresas com esse viés de soluções descentralizadas, com blockchain e também para as voltadas às criptomoedas”, diz Nagamatsu. “Hoje, quando recebemos uma startup para estudo de desenvolvimento, se ela tem a tecnologia blockchain se torna um bom motivo para entrar no processo de aceleração”, conta o executivo. “Criptomoedas se tornaram um diferencial positivo”, resume.

Competindo com GetNet, PagSeguro, Stone entre outras da área de pagamentos, a fintech CloudWalk é categórica: “a blockchain dá uma vantagem competitiva frente à concorrência”, diz Luis Silva, CEO e fundador. Em novembro de 2021, ela se tornou um unicórnio – empresa com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão –, no segmento de serviços financeiros após receber um aporte de US$ 150 milhões.

Todo mês dois bilhões de transações com criptomoedas são autorizados pela CloudWalk, que tem como clientes mais de 200 mil pequenas e médias empresas. Quer fechar o ano com quatro bilhões. O segredo tem sido incentivar o consumidor a usar sua maquininha InfinitePay oferecendo cashback em stablecoin. A empresa lançou o Brazilian Digital Real, stablecoin com lastro em reais.

Com esse modelo de negócio espera encerrar o ano com um milhão de usuários da InfinitePay. Hoje, está em 100 mil. “São oficinas mecânicas, lojas de móveis e eletrônicos, salões de beleza, em todos eles encontramos um lojista ou um consumidor entusiasta das criptomoedas”, diz Silva.

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