Fusões e aquisições de startups de criptomoedas estão em alta

Apenas nos primeiros três meses de 2022, foram realizadas 41 operações, segundo relatório da casa de análises Arcane Research

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo – Enquanto o criptomercado se mantém aquecido, as startups de criptomoedas estão se tornando cada vez mais atraentes aos olhos de grandes investidores. Um bom termômetro disso são as fusões e aquisições (M&A) nesse segmento. Apenas em 2022, até o mês de março, foram 41 transações, segundo relatório da casa de análises Arcane Research.

Mantido esse ritmo ao longo do ano, o mercado de criptomoedas deve se aproximar do recorde de 174 transações registradas em 2021. “Como a alta de fusões e aquisições relacionadas a criptomoedas continuou em 2022 é muito provável que o ano termine perto do recorde de 2021 ou até mesmo o supere”, diz Jaran Mellerud, analista da Arcane, em relatório global.

Até o momento, a maior aquisição foi a compra do sistema de negociação focado em ativos digitais Tora, pela bolsa de valores de Londres, por US$ 325 milhões, anunciada em fevereiro. Em seguida vem a plataforma de doação de criptomoedas The Giving Block, adquirida pelo provedor Shift4, em março.

Para especialistas, esse cenário indica que o setor de criptoativos vive um momento de maturidade, com movimentações robustas. “O segmento cripto mostra um nível contínuo de valorização, expansão, ampliação e com fortes sinais de consolidação”, diz Ricardo Maciel, sócio de M&A e reestruturação financeira da Mazars, grupo de contabilidade, auditoria e consultoria.

Inovação como motor

Na avaliação do executivo, essa movimentação é puxada por vários fatores que levaram ao crescimento exponencial. Mas um em especial se destaca: a busca pela inovação tecnológica. Nos últimos anos, tokens não fungíveis (NFT), metaverso (em amplo desenvolvimento), finanças descentralizadas (DeFi) e organização autônoma descentralizada (DAO) geraram dinamismo no setor.

“Definitivamente, a estratégia de M&A cria uma plataforma de oportunidades que têm sido utilizadas também para o processo de transformação e de reestruturação frente ao novo mercado durante e após a crise pandêmica, onde diversas empresas de tecnologia foram criadas, rompendo os modelos preexistentes e com custos menores”, diz Maciel.

“É um mercado em crescimento e em constante aprimoramento tecnológico devido à quantidade de participantes nos criptoativos”.

Jéfferson Colombo, professor-adjunto da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV EBAPE) e doutor em economia aplicada, diz que a velocidade das transformações tecnológicas do mundo das criptomoedas favorece os bons números de fusões e aquisições.

“Isso revela um pouco da natureza da tecnologia e as várias aplicações que ela permite. Há cinco ou seis anos falavam só de Bitcoin. Mas o mercado foi mostrando outras aplicações e interesses, com o surgimento de mais moedas”, fala.

“Elas [criptomoedas] permitem que se tenha uma nova estrutura para criar mais aplicações. Se pensarmos daqui para a frente, teremos cada vez mais projetos de alto risco, mas com potencial de elevado retorno. É uma tendência se consolidar cada vez mais.”