Casos de covid em Xanghai superam 13 mil, com milhões em lockdown

Surto no centro financeiro chinês elevou o total nacional de contaminados para o número mais alto em um dia já registrado no país

Estradas vazias durante o lockdown de metade de Xangai, na segunda-feira, 4 de abril
Por Bloomberg News
05 de Abril, 2022 | 01:11 PM

Bloomberg — Xangai registrou mais de 13 mil casos diários de covid-19 pela primeira vez, enquanto um amplo lockdown dos 25 milhões de habitantes e testes em massa revelaram uma extensa disseminação da variante ômicron altamente infecciosa.

O surto no centro financeiro chinês elevou o total nacional para 16.412 infecções locais na segunda-feira (4), o número mais alto em um dia registrado na segunda maior economia do mundo durante a pandemia – nublando suas perspectivas de crescimento e ameaçando interromper a cadeia de suprimentos global.

O atual surto da China está superando um nível que só tinha atingido em fevereiro de 2020, quando uma correção de um dia na maneira como rastreava os casos levou ao registro de mais de 15 mil infecções diárias, em grande parte concentradas em Wuhan. O número crescente em Xangai, apesar do lockdown em toda a cidade, ressalta o desafio que o país enfrenta para retornar à meta Covid Zero do presidente Xi Jinping.

Xangai registrou 13.354 casos locais na segunda-feira (4), comparados a 9.006 no dia anterior e quase zero no início de março, de acordo com um comunicado do governo local. Enquanto o lockdown de duas fases da cidade termina oficialmente na terça-feira (5), as infecções generalizadas significam que a maioria dos quarteirões residenciais permanecerá sujeita a quarentena por dias ou até semanas.

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Mais de 38 mil equipes médicas de toda a China chegaram à cidade para ajudar nos testes e no tratamento, de acordo com relatos da mídia estatal. O Exército de Libertação Popular também mobilizou mais de dois mil médicos militares para apoiar os esforços de controle de vírus de Xangai.

Pequim enviou a vice-primeira-ministra, Sun Chunlan, a Xangai para supervisionar os esforços de prevenção. Sun, a única mulher no Politburo de 25 membros do Partido Comunista, pediu na terça-feira (5) uma aceleração da construção de hospitais de campanha e instalações de quarentena. Ela também ordenou que as autoridades locais colocassem todos os contatos próximos de pacientes com covid-19 em uma instalação de quarentena para “ganhar resolutamente a guerra contra a pandemia”, segundo um comunicado do governo municipal.

Como o número total de casos positivos na cidade ultrapassou 73 mil, Xangai está correndo para transformar mais ginásios e centros de exposições ao redor da cidade em grandes centros de quarentena. Enquanto isso, as regras da cidade de impedir os pais de acompanhar seus filhos pequenos em quarentena, a menos que os pais também estejam infectados com o vírus, alimentaram profundas preocupações entre os moradores locais e intenso debate nas mídias sociais nesta semana.

No início desta semana, Sun ordenou que as autoridades locais reduzissem o surto “o mais rápido possível”, indicando que a China continua comprometida com sua rígida postura Covid Zero, apesar da escalada da crise. Durante grande parte da pandemia, o país procurou eliminar o vírus, algo que se tornou mais desafiador à medida que o patógeno sofreu mutações para se tornar mais transmissível, escapando até das mais duras restrições de fronteira e regimes de quarentena.

A China é o último país do mundo a adotar uma linha tão dura com o vírus, depois que outros lugares que buscavam a eliminação, incluindo Singapura, Austrália e Nova Zelândia, começaram a se abrir quando a vacinação atingiu níveis mais elevados.

Embora Xi tenha prometido reduzir o impacto econômico e social de suas medidas de combate à covid, o surto de Xangai causou um aumento nos preços dos alimentos locais, já que os moradores correm para estocar suprimentos, e pessoas com doenças crônicas têm encontrado dificuldade em receber o tratamento necessário.

Na terça-feira (5), Sun também pediu a Xangai - sede do maior porto de contêineres do mundo e sede nacional de muitas empresas domésticas e estrangeiras - para garantir operações portuárias e marítimas normais. As cadeias de suprimentos e os negócios devem ser mantidos estáveis e tranquilos, disse ela.

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No entanto, as empresas e algumas fábricas permanecem fechadas, com a fábrica da Tesla (TSLA) em Xangai – sua primeira Gigafactory fora dos Estados Unidos – entrando em uma segunda semana de operação interrompida.

– Com a colaboração de Michelle Fay Cortez e Li Liu.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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