Petrobras: Governo trabalha para manter indicação de Adriano Pires como CEO

Reviravolta vem poucos dias antes da assembleia da empresa para eleger o novo conselho, marcada para 13 de abril

A maior produtora de petróleo da América Latina terá seu terceiro CEO desde o início de 2021
Por Martha Beck - Simone Iglesias e Mariana Durao
04 de Abril, 2022 | 03:46 PM

Bloomberg — O economista Adriano Pires, escolhido para ser o novo CEO da Petrobras (PETR4) (PETR3), declinou o convite, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto, pedindo para não serem identificadas porque a informação não era pública. O governo ainda está tentando convencer Pires a aceitar o cargo, acrescentaram.

Pires havia sido indicado pelo governo brasileiro, acionista majoritário da empresa, para substituir Joaquim Silva e Luna, alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro por reajustar os preços dos combustíveis. No fim de semana, a escolha de Bolsonaro para ser o presidente do conselho de administração da Petrobras, Rodolfo Landim, também retirou seu nome.

A reviravolta vem poucos dias antes da assembleia da empresa para eleger o novo conselho, marcada para 13 de abril. O estatuto da Petrobras estabelece que o CEO deve ser membro do conselho. Ações da companhia foram as mínimas, em queda de mais de 2%, com a notícia de desistência de Pires dada mais cedo pelo O Globo.

A decisão de Pires ocorreu em meio a especulações sobre potenciais conflitos de interesse relacionados a anos de trabalho como consultor de empresas privadas de petróleo e gás, algumas delas com negócios que concorrem com a estatal. Landim por sua vez é investigado por promotores por suposta gestão fraudulenta de um fundo de investimento que causou prejuízos ao fundo de pensão Petros da Petrobras.

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A maior produtora de petróleo da América Latina terá seu terceiro CEO desde o início de 2021. Silva e Luna foi demitido após crescente pressão política para conter os preços dos combustíveis, o mesmo motivo pelo qual seu antecessor, Roberto Castello Branco, foi afastado há um ano.

A turbulência na liderança da estatal ressalta como é difícil para os países em desenvolvimento - onde as despesas de transporte ocupam uma fatia maior do orçamento familiar - repassar os custos dos combustíveis aos consumidores quando os preços aumentam. Quem assumir o comando da Petrobras será posto à prova em um ano eleitoral em que políticos de todos os matizes procuram um culpado pelo preço na bomba.

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