Mais uma companhia listada na B3 sofre ataque de hackers

Iguá Saneamento, controlada pela IG4 Capital, relata ocorrência, engrossando lista de empresas brasileiras afetadas por ciberataques

Painel de cotações da B3
01 de Abril, 2022 | 09:29 AM

São Paulo — A Iguá Saneamento (IGSN3), que atua no abastecimento de água e esgotamento sanitário em municípios de seis estados (Alagoas, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Paraná), é a nova vítima de ataque cibernético no setor corporativo brasileiro.

A companhia informou que um ataque cibernético “impactou temporariamente a disponibilidade de parte dos seus sistemas corporativos”. O caso, ocorrido na madrugada do último dia 25 de março, foi revelado em um comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na noite de ontem (31).

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Segundo a companhia controlada pela IG4 Capital, “não houve qualquer impacto adverso na operação nem perdas financeiras”. A empresa diz que seus bancos de dados estão preservados e até o momento não há indícios de extração ou vazamento de dados das empresas do grupo ou de dados pessoais.

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  • A Iguá (nome quer dizer água em tupi-guarani) atua em 39 municípios com 18 operações que atendem a cerca de 7,1 milhões de pessoas.

Mais empresas atacadas por hackers

Neste ano, a primeira companhia listada na B3 a informar um incidente hacker foi a Localiza (RENT3), locadora de carros do país, no último dia 11 de janeiro. No ano passado, diversas empresas sofreram ataques cibernéticos, como o grupo de medicina diagnóstica Fleury (FLRY3), a operadora de pacotes de viagens CVC Brasil (CVCB3) e a seguradora Porto Seguro (PSSA3).

Em janeiro, a plataforma BugHunt divulgou uma pesquisa apontando que 26% das empresas brasileiras sofreram ataques cibernéticos no período de 12 meses. Phishing (28%), vírus (24%), ransonware (21%) e vishing (10%) foram as ocorrências mais reportadas. O estudo ouviu 58 empresas brasileiras, sendo a maioria do setor de tecnologia.

No dia 3 de março, o Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco privado do país, registrou problemas na exibição de informações nos extratos das contas de um número não informado de clientes, mas descartou a possibilidade de um ataque hacker. No dia seguinte, o banco digital Nubank (NU) também registrou instabilidade no aplicativo, com usuários relatando dificuldades de acesso à área de pagamentos via Pix e à área para ver o saldo de suas contas.

A guerra entre Rússia e Ucrânia é citada como um estímulo aos ciberataques no mundo, segundo a BugHunt. “O governo ucraniano já relatou que vem sofrendo diversos ataques em sua infraestrutura tecnológica de origem russa, mas segundo a agência Fitch, o conflito também elevou os riscos de ciberataques globais direcionados a alvos que não estão necessariamente na linha de frente do embate. Ou seja, empresas do mundo inteiro, inclusive do Brasil, precisam se atentar às formas de prevenção a crimes cibernéticos em todos seus processos”, analisou a plataforma.

As organizações do setor financeiro estão entre os principais alvos de ciberataques por aqui, segundo a Apura, uma empresa nacional de segurança na internet. No último ano, o setor respondeu por 4,3% do total de ataques.

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O setor financeiro está na lista dos dez principais alvos. Embora com participação menor que aqueles no topo da lista – como órgãos do governo e indústrias –, é índice significativo. Afinal, o setor financeiro lida com dados e informações de muita importância e impacto, nas atividades econômicas e na sociedade de um modo geral”, assinala o CEO da Apura, Sandro Süffert.

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Indicativo dessa relevância está no crescimento de ocorrências cujo alvo foram dados bancários: 141%, em 2021, em comparação com o ano anterior. “Os prejuízos decorrentes desses ataques acometem tanto o consumidor final como as instituições”, diz o especialista.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.