Agrogalaxy mira nova onda de aquisições no agronegócio

Revenda de insumos e serviços agropecuários fecha 2021 com lucro de R$ 150 milhões e prevê consolidação do mercado ainda intensa em 2022

Empresa abriu 21 novas lojas no ano passado e deve inaugurar um número ainda maior neste ano
28 de Março, 2022 | 07:12 PM

Bloomberg Línea — Nove meses depois de seu IPO, a Agrogalaxy (AGXY3) se prepara para fazer sua primeira distribuição de dividendos. Serão R$ 28,1 milhões, no teto dos 25% para empresas do Novo Mercado, decorrentes de um lucro líquido de R$ 150,6 milhões no ano passado. O resultado superou em 42,2% o desempenho de 2020 e decorre quase que integralmente do que foi apresentado no último trimestre do ano. Entre outubro e dezembro, a Agrogalaxy teve um lucro de R$ 158,7 milhões, 15,8% maior do que no mesmo período do ano anterior.

“O ano de 2021 foi excepcional. Compramos duas empresas e assinamos o contrato para aquisição da Agrocat. Isso trouxe robustez para a companhia e permitiu que entregássemos um resultado acima do comprometido com o conselho de administração e com os investidores”, disse Welles Pascoal, CEO da Agrogalaxy.

A companhia encerrou o ano passado com uma receita de R$ 6,58 bilhões, 59% a mais do que a registrada em 2020. Desse total, R$ 4,41 bilhões foram provenientes da comercialização de insumos, como sementes, fertilizantes e defensivos e R$ 2,16 bilhões do comércio de grãos. Parte desse crescimento é resultado da incorporação da Boa Vista e da Ferrari Zagatto, concluídas em abril e setembro do ano passado, respectivamente.

Com os preços dos insumos em alta, a empresa se beneficiou tanto do volume comercializado como dos valores mais altos praticados no mercado. “O aumento da receita com a venda de insumos no ano passado decorreu dos preços mais altos, que contribuíram com 15% do crescimento, mas aumentamos em 28% o volume de venda”, diz Maurício Puliti, diretor de relações com investidores.

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Com as aquisições do ano passado e com a compra da Agrocat finalizada em janeiro deste ano, a Agrogalaxy não deve esperar para consolidar os negócios e deve voltar às compras em breve. Segundo Pascoal, a consolidação do setor está acontecendo, de forma rápida e a companhia vai participar desse movimento, porém, sendo mais seletiva. “Ainda temos mais de 4 mil players no Brasil, falando de distribuidores, revendas e cooperativas. Na minha visão, os grandes consolidadores vão competir entre eles em um período não inferior a cinco anos. Você ainda tem de 250 a 300 empresas boas, com boa massa crítica, com bom nível de governança, que podem trazer sinergias interessantes”, diz o executivo.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.