Bloomberg — À medida que os investidores assediam o mercado de títulos do Tesouro americano, levando os rendimentos para os níveis mais altos em anos, o ainda novo segmento de 20 anos é alvo fácil para operadores ágeis.
Os títulos, que foram ressuscitados em maio de 2020 após um hiato de mais de três décadas com o aumento das necessidades de financiamento do governo federal, baratearam bastante na semana passada em relação aos Treasuries mais próximos. E isso vem criando possíveis oportunidades - e riscos - para operadores que desejem tirar proveito dos deslocamentos entre diferentes partes do mercado de renda fixa que são em parte alimentados pela falta de liquidez.
A chamada estimativa de perda máxima (value-at-risk ou VaR, em inglês) que acompanhou a liquidação do mercado de Treasuries da semana passada “atingiu o título de 20 anos, impulsionado por negociações de valor relativo de spread e curva”, contou o estrategista do Citigroup (C) Jason Williams em nota de 11 de março. Um choque VaR, como é comumente conhecido, refere-se a um grande salto nas perdas que força as posições serem liquidadas.
O segmento de 20 anos “tende a ficar mais barato quando a liquidez é baixa” por conta da “falta de demanda e participação de dinheiro real”, segundo Williams. Isso apesar de o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos ter reduzido os volumes dos leilões para o prazo ainda mais do que para outras ofertas.
Esse tipo de barateamento ficou evidente na semana passada em um indicador que compara o rendimento de 20 anos aos rendimentos médios de notas de 10 anos e títulos de 30 anos. Esse chamado spread borboleta atingiu o nível mais alto desde a crise de liquidez de março de 2020, indicando claramente que os compradores têm menos apetite pelo título de 20 anos do que os outros títulos.

As principais métricas para o desempenho de títulos em relação a derivativos como futuros e swaps também foram sacudidas. O chamado spread (invoice spread) para os contratos futuros de títulos do Tesouro americano - que seguem de perto o setor de 20 anos - ampliou à medida que os futuros tiveram desempenho superior, e os spreads dos swaps se estreitaram conforme os swaps superaram os títulos em performance.
Movimentos como esse tornam atrativas as apostas de base, nas quais uma posição em futuros é atrelada à uma posição no título subjacente.
Os estrategistas do Barclays também observaram uma tendência de o segmento de títulos de 20 anos ser o que mais sofre com as fortes baixas do mercado de Treasuries.
O segmento “tende a baratear acentuadamente quando as condições de liquidez pioram”, escreveu o analista do banco Anshul Pradhan.
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