Treasuries de 20 anos são faca de dois gumes para investidores

Valor caiu intensamente na semana passada em comparação com títulos de menor prazo, mas papel pode trazer riscos

Os Treasuries de 20 anos tendem a ficar mais baratos quando a liquidez é baixa
Por Edward Bolingbroke
15 de Março, 2022 | 08:03 PM

Bloomberg — À medida que os investidores assediam o mercado de títulos do Tesouro americano, levando os rendimentos para os níveis mais altos em anos, o ainda novo segmento de 20 anos é alvo fácil para operadores ágeis.

Os títulos, que foram ressuscitados em maio de 2020 após um hiato de mais de três décadas com o aumento das necessidades de financiamento do governo federal, baratearam bastante na semana passada em relação aos Treasuries mais próximos. E isso vem criando possíveis oportunidades - e riscos - para operadores que desejem tirar proveito dos deslocamentos entre diferentes partes do mercado de renda fixa que são em parte alimentados pela falta de liquidez.

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A chamada estimativa de perda máxima (value-at-risk ou VaR, em inglês) que acompanhou a liquidação do mercado de Treasuries da semana passada “atingiu o título de 20 anos, impulsionado por negociações de valor relativo de spread e curva”, contou o estrategista do Citigroup (C) Jason Williams em nota de 11 de março. Um choque VaR, como é comumente conhecido, refere-se a um grande salto nas perdas que força as posições serem liquidadas.

O segmento de 20 anos “tende a ficar mais barato quando a liquidez é baixa” por conta da “falta de demanda e participação de dinheiro real”, segundo Williams. Isso apesar de o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos ter reduzido os volumes dos leilões para o prazo ainda mais do que para outras ofertas.

Esse tipo de barateamento ficou evidente na semana passada em um indicador que compara o rendimento de 20 anos aos rendimentos médios de notas de 10 anos e títulos de 30 anos. Esse chamado spread borboleta atingiu o nível mais alto desde a crise de liquidez de março de 2020, indicando claramente que os compradores têm menos apetite pelo título de 20 anos do que os outros títulos.

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Compradores não estão interessados nos títulos de 20 anos

As principais métricas para o desempenho de títulos em relação a derivativos como futuros e swaps também foram sacudidas. O chamado spread (invoice spread) para os contratos futuros de títulos do Tesouro americano - que seguem de perto o setor de 20 anos - ampliou à medida que os futuros tiveram desempenho superior, e os spreads dos swaps se estreitaram conforme os swaps superaram os títulos em performance.

Movimentos como esse tornam atrativas as apostas de base, nas quais uma posição em futuros é atrelada à uma posição no título subjacente.

Os estrategistas do Barclays também observaram uma tendência de o segmento de títulos de 20 anos ser o que mais sofre com as fortes baixas do mercado de Treasuries.

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O segmento “tende a baratear acentuadamente quando as condições de liquidez pioram”, escreveu o analista do banco Anshul Pradhan.

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