Bloomberg — O rendimento de referência do mercado de títulos da China teve a maior alta em cinco meses. O banco central se absteve de cortar a taxa básica de juros e os dados mostraram que a segunda maior economia do mundo teve um início de ano robusto.
O rendimento dos títulos de 10 anos subiu pela primeira vez em dois dias depois que o Banco Popular da China surpreendeu os mercados ao manter a taxa para a linha de crédito de médio prazo de um ano inalterada em 2,85%. O banco central deixou a taxa estável no mês passado após um corte em janeiro -- o primeiro em quase dois anos.
A manutenção da taxa básica é uma decepção para o mercado, disse Xing Zhaopeng, estrategista sênior para China no Australia and New Zealand Banking Group. A China manterá uma postura política monetária branda daqui para frente, mas “qualquer operação será direcionada e comedida”, segundo ele.
A paciência do banco central em relação ao juro básico é evidente diante de dados que mostraram que a economia da China esteve forte nos dois primeiros meses do ano. Produção industrial, vendas no varejo e investimentos ficaram muito acima das estimativas de consenso dos economistas.
No entanto, os riscos negativos para o crescimento seguem presentes. A taxa de desemprego no maior nível em um ano, a rápida disseminação de casos de covid e o salto nos preços das commodities são desafios contínuos para a meta oficial de crescimento econômico de aproximadamente 5,5%.
O rendimento do título de 10 anos da China subiu 0,06 ponto percentual e chegou a 2,82%, o mais alto desde 18 de outubro. A taxa de câmbio offshore se depreciou pelo quarto pregão seguido. As perdas das ações na China continental e em Hong Kong se aprofundaram por causa dos laços com a Rússia e de preocupações regulatórias persistentes. O Shanghai Shenzhen CSI 300 caiu quase 5%, enquanto o Hang Seng recuou aproximadamente 6%.
Apesar da decepção com a manutenção do juro básico, os economistas ainda projetam cortes no futuro.
“Esperamos adiamento, mas não ausência de flexibilização monetária”, disse Xiaojia Zhi, economista do Credit Agricole CIB em Hong Kong. Ela prevê redução de 0,10 ponto percentual na taxa da linha de crédito de médio prazo e pelo menos um corte de 0,50 ponto percentual no depósito compulsório dos bancos neste primeiro semestre.
O Commerzbank considera chance de corte na taxa básica no mês que vem. Para Zhou Hao, economista sênior para mercados emergentes do banco, os principais líderes chineses podem realizar a reunião do Politburo no início de abril e dificilmente implementarão medidas significativas antes disso.
A postura contida do banco central chinês antecede um provável aumento na taxa básica de juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve esta semana. Outras medidas de flexibilização no país asiático podem diminuir o diferencial de juros com os EUA e incentivar a saída de capital da China. No mês passado, essas preocupações levaram à maior redução já vista nas posições em títulos do governo chinês por investidores estrangeiros.
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