Bloomberg — A Marfrig (MRFG3) reportou um um lucro líquido de R$ 650 milhões no último trimestre do ano passado, desempenho que representa uma queda de 44,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado negativo se deve ao desempenho das operações da empresa na América do Sul, em especial no Brasil. Vale lembrar que, no final do ano passado, o Brasil ficou mais de dois meses sem poder exportar para a China. Com isso, o volume de vendas da Marfrig na América do Sul foi de 340 mil toneladas, 13,6% inferior ao volume de vendas do mesmo trimestre de 2020.
Apesar da queda no último trimestre do ano, o desempenho consolidado de 2021 foi o melhor já registrado pela empresa. A companhia obteve um crescimento de 26,5% nas receitas líquidas, que alcançaram R$ 85,4 bilhões no ano passado, com um lucro líquido de R$ 4,3 bilhões, 31,5% superior ao registrado em 2020. Em sua carta aos acionistas, Marcos Molina, fundador e presidente do conselho de administração da empresa, lembra que as operações na América do Norte bateram sucessivos recordes de rentabilidade ao longo do ano, com a demanda por carne nos Estados Unidos tendo crescido ao maior patamar desde 2019.
No ano passado, a companhia investiu R$ 2,3 bilhões no crescimento orgânico das operações. Na América do Norte, a principal aposta foi na unidade da National Beef, em Tama, no Estado americano de Iowa. Um segundo turno de produção será criado, o que vai dobrar a capacidade de abate para mais 2,5 cabeças de gado, com início programado para o primeiro semestre de 2023. No Brasil, os recursos foram destinados ao aumento do volume de abate e da área de desossa em Várzea Grande, no Mato Grosso, e à construção de uma planta de hambúrgueres em Bataguassu, no Mato Grosso do Sul, com previsão de início de operação no primeiro semestre deste ano.
Além disso, a Marfrig desembolsou no ano passado quase R$ 7 bilhões para se tornar o maior acionista da BRF (BRFS3). Hoje, a empresa de Marcos Molina controla 33,25% do capital da dona da Sadia e Perdigão e já tem planos para estar mais presente na gestão da BRF já no início de 2022. No próximo dia 28, Molina deve assumir também a presidência da BRF, liderando uma troca no conselho de administração da empresa.