Marfrig: Lucro encolhe 44,5% no último trimestre de 2021

Resultado trimestral foi o segundo pior do ano passado, mas, em 12 meses, companhia teve seu melhor desempenho anual

Em sua carta a acionistas, fundador lembra que as operações na América do Norte bateram sucessivos recordes de rentabilidade
08 de Março, 2022 | 08:12 PM

Bloomberg — A Marfrig (MRFG3) reportou um um lucro líquido de R$ 650 milhões no último trimestre do ano passado, desempenho que representa uma queda de 44,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. O resultado negativo se deve ao desempenho das operações da empresa na América do Sul, em especial no Brasil. Vale lembrar que, no final do ano passado, o Brasil ficou mais de dois meses sem poder exportar para a China. Com isso, o volume de vendas da Marfrig na América do Sul foi de 340 mil toneladas, 13,6% inferior ao volume de vendas do mesmo trimestre de 2020.

Apesar da queda no último trimestre do ano, o desempenho consolidado de 2021 foi o melhor já registrado pela empresa. A companhia obteve um crescimento de 26,5% nas receitas líquidas, que alcançaram R$ 85,4 bilhões no ano passado, com um lucro líquido de R$ 4,3 bilhões, 31,5% superior ao registrado em 2020. Em sua carta aos acionistas, Marcos Molina, fundador e presidente do conselho de administração da empresa, lembra que as operações na América do Norte bateram sucessivos recordes de rentabilidade ao longo do ano, com a demanda por carne nos Estados Unidos tendo crescido ao maior patamar desde 2019.

No ano passado, a companhia investiu R$ 2,3 bilhões no crescimento orgânico das operações. Na América do Norte, a principal aposta foi na unidade da National Beef, em Tama, no Estado americano de Iowa. Um segundo turno de produção será criado, o que vai dobrar a capacidade de abate para mais 2,5 cabeças de gado, com início programado para o primeiro semestre de 2023. No Brasil, os recursos foram destinados ao aumento do volume de abate e da área de desossa em Várzea Grande, no Mato Grosso, e à construção de uma planta de hambúrgueres em Bataguassu, no Mato Grosso do Sul, com previsão de início de operação no primeiro semestre deste ano.

Além disso, a Marfrig desembolsou no ano passado quase R$ 7 bilhões para se tornar o maior acionista da BRF (BRFS3). Hoje, a empresa de Marcos Molina controla 33,25% do capital da dona da Sadia e Perdigão e já tem planos para estar mais presente na gestão da BRF já no início de 2022. No próximo dia 28, Molina deve assumir também a presidência da BRF, liderando uma troca no conselho de administração da empresa.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.