Criptomoedas abrem caminho para a solidariedade

Campanhas em prol de doações em moedas digitais a causas humanitárias crescem mundo afora com apoio de exchanges

Doações em criptomoedas a causas humanitárias cresceu quase 1.600% entre 2020 e 2021 e avanço se mantém pelo mundo
07 de Março, 2022 | 09:53 AM

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — Petrópolis, 15 de fevereiro de 2022. A cidade, localizada na região serrana do Rio de Janeiro, se viu, novamente, em meio à tragédia dos deslizamentos de terra após fortes chuvas, que deixaram mais de 200 mortos e quase 900 desabrigados. Diante da situação de vulnerabilidade das centenas de moradores que perderam suas casas, mais uma vez o mundo cripto se uniu para prestar solidariedade por meio da ajuda financeira.

Segundo a organização filantrópica americana The Giving Block, o uso de moedas digitais como doações a causas humanitárias avança. Cresceu 1.559% entre os anos de 2020 e 2021, segundo levantamento publicado em fevereiro último. O valor médio das contribuições feitas em criptoativos também registrou um salto considerável, passando de US$ 128 para US$ 10.455 no período.

Para a Giving Block, esse aumento significativo pode ser atribuído à praticidade da doação em criptomoedas, feita de forma menos burocrática, com “menos papelada”, por serem negociadas em um ambiente descentralizado.

PUBLICIDADE

Exemplos recentes internacionais puderam ser vistos nas últimas semanas. Após a invasão russa, a Ucrânia passou a aceitar doações em Bitcoin e outras quatro criptomoedas, visando prestar auxílio aos ucranianos que não conseguiram deixar o país e se encontram em meio à guerra. Até a última quinta-feira as doações recebidas em moedas digitais ultrapassavam US$ 50 milhões.

Ajuda a Petrópolis

No Brasil, onde estima-se que mais de R$ 250 bilhões em criptomoedas estejam nas mãos de investidores pessoa física, a campanha de solidariedade iniciada pela Procuradora da Fazenda Nacional, Ana Paula Bez Batti, batizada de “Solidariedade a Petrópolis”, recebeu o apoio de 10 representantes do mercado cripto, de exchanges a sites voltados à cobertura desse segmento financeiro. Entre eles, o Mercado Bitcoin, maior corretora de criptomoedas da América Latina.

Os valores recebidos em moedas digitais serão direcionados ao Centro Educacional Terra Santa, instituição de Petrópolis voltada à assistência social. “Uma campanha de arrecadação de recursos em criptoativos permite que qualquer pessoa, bancarizada ou desbancarizada, de qualquer lugar do mundo, participe”, diz Ana Paula.

PUBLICIDADE

Ela ressalta que a transparência das blockchains do Bitcoin e do Ethereum, duas moedas aceitas nas doações, permitem a realização de uma auditoria pública de forma confiável. As stablecoins USDC e USDT também podem ser usadas na campanha.

Criptomoedas abrem caminho para a solidariedadedfd

‘Jojo vai para a Rússia’

A solidariedade do mercado de criptoativos também chega em causas individuais. Joana Gusson, de 6 anos, recebeu ajuda para se tratar fora do Brasil após a campanha, deflagrada em abril de 2021, intitulada “Jojo vai para a Rússia” arrecadar o valor de R$ 250 mil necessário para custear as despesas com o tratamento.

Jojo nasceu com uma mutação genética que gerou um quadro de epilepsia de difícil controle e autismo. Devido às frequentes crises decorrentes do problema, ela desenvolveu paralisia cerebral. Um tratamento experimental com foco em paralisia cerebral infantil, envolvendo células-tronco, foi desenvolvido na Rússia.

“Usando cripto, a captação do valor ficou muito mais transparente e permitiu que pessoas de todo o mundo, inclusive o Don Tapscott [autor do famoso livro Blockchain Revolution], pudessem ajudar na campanha”, conta o pai de Jojo, o jornalista Cassio Gusson, especializado no mercado de criptomoedas.

Gusson ressalta que uma das vantagens das doações em criptoativos é a não restrição geográfica, possibilitando que interessados do mundo inteiro contribuam com diferentes causas de forma simples e rápida. No caso de sua filha, a campanha teve até mesmo doações em NFTs desenvolvidos por artistas brasileiros, cujos valores foram convertidos. Jojo teve avanço positivo em seu quadro de saúde, conta Gusson.

NFTs para os Falcões

O artista Gabriel Wickbold e a BMW organizaram um evento beneficente, em dezembro de 2021, em prol da organização sem fins lucrativos (ONG) Gerando Falcões, voltada a moradores de favelas. Cinco NFTs com imagens exclusivas de carros da montadora alemã foram leiloados, com o valor arrecadado destinado à ONG.

“A ideia foi criar uma série de NFTs com carros personalizados para a BMW e então surgiu a intenção de converter as criações em algo maior, que resultou no leilão das obras”, conta Wickbold.

Um dos NFTs, intitulado “I am Light”, foi comprado pela incorporadora Lumy por R$ 150 mil e o token acabou incorporado ao patrimônio da empresa. Vitor Del Santo, CEO da Lumy, diz que a blockchain é uma alternativa que permite o acesso de qualquer pessoa aos investimentos, algo semelhante à proposta da incorporadora. “A aquisição do NFT é um símbolo dessa nossa proposta”.

Mercado Bitcoin

A maior plataforma de criptomoedas da América Latina