Aéreas dos EUA enfrentam dilema sobre aumento de tarifas

A incerteza sobre a oferta global de petróleo aumentou os preços do combustível desde que a Rússia invadiu a Ucrânia

Conflito eleva preços do combustível de aviação
Por Mary Schlangenstein
07 de Março, 2022 | 08:46 PM
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Bloomberg — É improvável que as companhias aéreas americanas aumentem as tarifas o suficiente para compensar completamente os custos do combustível de aviação, que estão em seus níveis mais altos em mais de uma década.

A incerteza sobre a oferta global de petróleo aumentou os preços desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. Em janeiro, as maiores companhias aéreas dos Estados Unidos previram que o combustível de aviação não ultrapassaria US$ 2,50 ou mais para o primeiro trimestre.

O combustível pode representar até um terço das despesas das companhias aéreas quando o seu preço aumenta. A elevação do custo - combinado com o risco de que a demanda para a Europa seja prejudicada por causa da guerra na Ucrânia - está atingindo as companhias aéreas em um momento em que elas contam com as viagens de primavera e verão do hemisfério norte (abril a agosto) para encher os aviões em voos domésticos. As viagens internacionais permanecem bem abaixo dos níveis pré-pandemia de 2019.

Embora as companhias aéreas possam aumentar as tarifas reduzindo o número de assentos disponíveis, as transportadoras provavelmente agirão com cautela, disseram analistas.

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“Não esperamos que as companhias aéreas reduzam uma quantidade significativa de capacidade, portanto, espere ajustes e não cortes, o que significa que é improvável superar o aumento do combustível com o preço”, disse Conor Cunningham, analista da MKM Partners, em relatório no domingo (6). “É com certeza um começo para fazer com que os preços se movam na direção certa.”

As ações das companhias aéreas caíram acentuadamente na segunda-feira (7), com os preços do petróleo subindo. O amplo índice de ações de companhias aéreas da Standard & Poor’s caiu até 8,9%, o maior índice intradiário desde o final de novembro.

As operadoras precisam ser cautelosas porque estão ansiosas para se recuperar do efeito destruidor sobre a demanda causado pela pandemia em 2020, e o aumento do preço do combustível pode durar pouco, disse Christopher Stathoulopoulos, analista da Susquehanna Financial, em entrevista.

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“É uma situação difícil de se estar, há algumas escolhas difíceis a serem feitas”, disse ele. “A resposta deles deve ser muito ponderada e não uma reação automática.”

Embora muitas companhias aéreas europeias travem os preços como forma de se proteger contra picos de custos de combustível, a American Airlines (AAL), a United Airlines (UAL) e a Delta Air Lines (DAL) não usam esses contratos de hedge em suas operações aéreas. A Southwest Airlines (LUV) é uma exceção e tem 64% de suas necessidades de combustível cobertas para este ano.

“O ambiente atual de preços de energia é exatamente o motivo pelo qual temos um programa sistemático de hedge – para ter garantias no curto prazo”, disse o porta-voz da Southwest, Brad Hawkins, por e-mail. A American e a United se recusaram a comentar, enquanto a Delta não respondeu imediatamente a uma solicitação.

– Esta notícia foi traduzida por Marcelle Castro, Localization Specialist da Bloomberg Línea.

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