Ucrânia pede que exchanges bloqueiem usuários de criptomoedas da Rússia

Governo ucraniano conseguiu milhões de dólares em doações de criptomoedas e postou em fóruns de hackers que está procurando ajuda para se proteger contra ataques cibernéticos

A customer deposits a Hungarian twenty thousand forint banknote into a cryptocurrency automated teller machine (ATM) in Budapest, Hungary, on Friday, Feb. 18, 2022. Bitcoin is testing $40,000, a key psychological level, as the U.S. plan talks with Russia about military intelligence that suggests an imminent Ukraine invasion, which it denies. Photographer: Akos Stiller/Bloomberg
Por Hannah Miller e Stacy-Marie Ismael
27 de Fevereiro, 2022 | 02:03 PM

Bloomberg — O governo ucraniano intensificou sua retórica contra os usuários de criptomoedas russos neste domingo, dizendo que era hora de “sabotar usuários comuns”.

O vice-primeiro-ministro Mykhailo Fedorov disse no Twitter (TWTR) que estava pedindo a “todas as principais exchanges de criptomoedas para bloquear endereços de usuários russos”. Ele já havia solicitado informações sobre carteiras digitais associadas a políticos da Rússia e da Belarus, dizendo que a comunidade cripto ucraniana estava pronta para oferecer uma “recompensa generosa” a quem fornecesse dicas.

Estou pedindo a todas as principais exchanges de criptomoedas que bloqueiem endereços de usuários russos. É crucial congelar não apenas os endereços vinculados a políticos russos e bielorrussos, mas também sabotar usuários comuns.

— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) 27 de fevereiro de 2022

PUBLICIDADE

O governo ucraniano já usou o Twitter para atrair milhões de dólares em doações de criptomoedas e postou em fóruns de hackers online que está procurando ajuda para se proteger contra ataques cibernéticos.

Embora inicialmente não estivesse claro como as maiores exchange responderiam ao último apelo de Fedorov, os CEOs de várias delas compartilharam publicamente seu apoio à Ucrânia desde a invasão russa.

No domingo, um identificador verificado no Twitter associado à Binance postou que a exchange estava doando US$ 10 milhões “para ajudar a crise humanitária na Ucrânia”, e uma afiliada, a Binance Charity Foundation, lançou um fundo para fornecer ajuda emergencial por meio de crowdfunding de criptomoedas.

PUBLICIDADE

Em resposta ao tweet de Fedorov, um porta-voz da Binance disse à Bloomberg por e-mail que a exchange não “congelaria unilateralmente milhões de contas de usuários inocentes”, pois isso “desviaria da razão pela qual a criptomoeda existe”.

“No entanto, estamos tomando as medidas necessárias para garantir que tomemos ações contra aqueles que tiveram sanções impostas contra eles, minimizando o impacto para usuários inocentes”, disse a Binance. “Se a comunidade internacional ampliar ainda mais essas sanções, também as aplicaremos agressivamente”.

Artem Afian, um advogado ucraniano que gerencia o esforço para obter informações sobre contas de políticos, planeja publicar uma lista de endereços de políticos e compartilhá-la com as principais exchanges de criptomoedas. O objetivo, disse Afian, é marcar esses endereços como “tóxicos” e desencorajar pessoas e empresas de fazer transações com eles.

“Queremos que eles entendam que não são bem-vindos na Ucrânia ou em criptomoedas”, disse ele, afirmando que identificou doações privadas principalmente em Ether (ETH), como também Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas.

Os dados também serão compartilhados com a empresa de análise de blockchain Chainalysis, de acordo com Afian. A empresa twittou na sexta-feira que está monitorando se os russos estão usando transações de criptomoedas para evitar sanções econômicas.

Países ocidentais, incluindo os EUA, concordaram no sábado em desconectar alguns bancos russos do Swift, um sistema de mensagens usado para transações entre milhares de bancos em todo o mundo. A medida é apenas a mais recente de uma série de sanções internacionais destinadas a isolar a Rússia do sistema financeiro global. Essas medidas estão aumentando a pressão para que os russos encontrem maneiras alternativas de movimentar seus recursos e as criptomoedas são uma opção potencial.

--Com assistência de Joanna Ossinger e Ilena Peng.

Veja mais em bloomberg.com