Petróleo encosta em US$ 100 com escalada do conflito na Ucrânia

Commodities sobem após decisão da Rússia de reconhecer repúblicas separatistas no país vizinho

Gazprom PJSC
Por Anna Shiryaevskaya - Isis Almeida e Alex Longley
22 de Fevereiro, 2022 | 08:45 AM

Bloomberg — Os preços internacionais de commodities energéticas dispararam após o presidente russo, Vladimir Putin, assinar uma ordem para enviar o que ele chamou de “forças de manutenção da paz” para duas áreas separatistas da Ucrânia, que ele reconheceu oficialmente na segunda-feira (21).

O gás natural na Europa liderou a alta das commodities, chegando a subir 13%. O barril de petróleo do tipo Brent se aproximou de US$ 100. Os preços de eletricidade e carvão avançaram na Alemanha. A decisão da Rússia é uma dramática escalada do impasse com o Ocidente em torno da Ucrânia. EUA e Reino Unido avisaram que devem anunciar novas sanções já nesta terça-feira.

Não há detalhes sobre quantos soldados poderiam entrar na Ucrânia nem quando, mas um conflito pode ameaçar o fornecimento da energia vinda da Rússia. O país é o maior fornecedor de gás para a Europa e um terço desse volume geralmente chega por gasodutos que cruzam a Ucrânia. A Rússia também exporta petróleo e combustível refinado.

As sanções podem interromper os fluxos de energia. Restrições à negociação de moeda estrangeira pela Rússia têm potencial para abalar os mercados de commodities — não só de petróleo e gás, mas também metais e produtos agrícolas.

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“Isso significa preços de gás ainda mais altos por mais tempo e o mercado está muito nervoso há meses”, disse Katja Yafimava, pesquisadora sênior do Instituto de Estudos de Energia de Oxford. “Devem vir algumas sanções dos EUA e União Europeia.”

Crise de energia

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Há semanas, os preços de energia reagem a cada desdobramento no impasse entre o Ocidente e Moscou. A Europa enfrenta uma crise de abastecimento de gás que multiplicou o preço do produto por quatro no último ano. As tensões contribuíram para a disparada na cotação do petróleo — um mercado em que a produção já não é páreo para o aumento consistente da demanda.

“A valorização atual é uma reação natural a níveis muito altos de incerteza”, disse Paul Horsnell, estrategista-chefe de commodities no Standard Chartered.

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“O cenário-base é um salto e, em seguida, uma correção significativa para baixo se as sanções em termos de energia forem limitadas” ou se os governos liberarem seus estoques estratégicos de petróleo para conter os preços.

A Rússia restringe o envio de gás para a Europa desde o terceiro trimestre do ano passado. O país limitou as vendas no mercado à vista e não reabasteceu suas instalações de armazenamento na União Europeia antes do inverno.

A Europa evitou os cenários mais graves traçados para a crise, incluindo apagões, mas ainda depende da Rússia para suprir um terço do gás que consome.

O ministro da Energia da Rússia, Nikolay Shulginov, disse na terça-feira que o país pretende manter os fluxos de gás, incluindo embarques de gás natural liquefeito (GNL).

Outra preocupação é que as sanções envolvam a suspensão do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha sem passar pela Ucrânia. O processo de aprovação do gasoduto está parado desde o final do ano passado, enquanto a operadora tenta se enquadrar em regras da União Europeia, conforme solicitado pela autoridade reguladora de energia da Alemanha.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse na sexta-feira que Nord Stream 2 faria parte do pacote de sanções se a Rússia invadir a Ucrânia.

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