CTC amplia lucro e tem melhor trimestre da história

Empresa de biotecnologia adiciona R$ 8 milhões ao seu lucro, amplia investimento em P&D e mira variedades resistentes

Empresa foca no desenvolvimento de variedades de cana resistentes à pragas e doenças
11 de Fevereiro, 2022 | 06:50 PM

Bloomberg Línea — O Centro de Tecnologia Canavieira (CTCA3) registrou o melhor resultado trimestral de sua história. Entre outubro e dezembro do ano passado, período que corresponde ao terceiro trimestre fiscal de 2022 da empresa, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 39,12 milhões. O resultado corresponde a um crescimento de 28,7% em comparação ao mesmo período de 2021, quando o resultado líquido da empresa foi de R$ 30,4 milhões.

Do ponto de vista operacional a empresa também apresentou melhoras. O CTC registrou um Ebitda de R$ 64,72 milhões no terceiro trimestre deste ano, desempenho que supera em 37,9% o resultado de 2021. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa apresentou um Ebitda de R$ 46,9 milhões.

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Em receita, a tendência se manteve. A companhia registrou um faturamento líquido de 115,84 milhões, 23% a mais do que no mesmo período do ano passado. “O resultado reflete o aumento da área plantada com variedades do CTC e também ao mix de produtos comercializados, que tem foco naqueles com maior valor agregado”, afirma Rinaldo Pecchio Junior, diretor financeiro e de relação com investidores do CTC.

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Diante de uma sequência de resultados positivos, a empresa tem elevado os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) com foco em desenvolver variedades com resistências a pragas. No último trimestre, o CTC injetou R$ 3,2 milhões a mais em P&D do que no mesmo período do ano passado, totalizando R$ 43,9 milhões.

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Em 2017, a companhia lançou a primeira variedade transgênica de cana resistente à broca, uma das principais pragas que afetam os canaviais e que causa prejuízos anuais de aproximadamente R$ 5 bilhões às usinas. Agora, as pesquisas caminham para o lançamento de variedades geneticamente modificadas que sejam resistentes ao bicudo e também ao glifosato, defensivo usado no controle de ervas daninhas. “Essas são as pesquisas que estamos desenvolvendo no Brasil. Em Saint Louis, nos Estados Unidos, nossas pesquisas estão voltadas para a resistência de doenças, mas ainda estão em estágio muito preliminar”, afirma Pecchio.

Com receita em ascensão, lucro crescente, Ebitda evoluindo e mais de R$ 327 milhões em caixa, o CTC que tinha planos concretos levantar cerca de R$ 1 bilhão em seu IPO no primeiro semestre, tem adiado sistematicamente sua ideia. Apesar de já estar listada na bolsa, a companhia não tem suas ações negociadas. O processo foi interrompido em abril do ano passado e, desde então, tem trabalhado para apresentar com mais profundidade o trabalho que realiza para fundos e possíveis investidores. Sem uma nova data na agenda, no final de 2021, em entrevista à Bloomberg Línea, Pecchio informou que o plano havia sido adiado para 2022. Hoje, o discurso é: “não temos a transação agendada e continuamos a trazer o investidor para conhecer o CTC”, diz o executivo.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.