Bradesco tem queda no lucro apesar de expansão forte no crédito

Resultado do banco ficou abaixo das estimativas dos analistas do consenso Bloomberg

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Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) teve lucro líquido recorrente de R$ 6,61 bilhões no quarto trimestre de 2021, resultado 2,8% menor do que o obtido no mesmo período do ano anterior e também abaixo das estimativas médias dos analistas de R$ 6,97 bilhões do consenso Bloomberg. O intervalo de projeções variava de R$ 6,84 bilhões a R$ 7,32 bilhões.

Segundo o banco, o desempenho foi resultado do crescimento das receitas nas operações com os clientes, incluindo prestação de serviços, junto com a redução das despesas com provisão para devedores duvidosos e despesas menores.

A margem financeira total do Bradesco, que inclui as operações de crédito, atingiu R$ 10,283 bilhões no último trimestre do ano passado, volume 1,8% superior aos R$ 9,672 bilhões do quarto trimestre de 2020. Já as despesas com provisões de crédito recuaram 6,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, somando R$ 4,283 bilhões, resultado da melhora no ambiente econômico, segundo o banco.

Mesmo com a expansão do crédito, o Bradesco destaca que as despesas com provisões melhoraram em todos os períodos comparativos com 2020, “refletindo a boa qualidade das safras” e a melhora na análise e concessão de crédito.

“O balanço foi sólido e mostra nossa força comercial, especialmente nos canais digitais, que são cada vez mais preponderantes no balanço”, disse o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Jr, por nota, destacando a recuperação da economia com o arrefecimento da pandemia ao longo do ano.

As receitas com serviços e tarifas atingiram R$ 8,864 bilhões no período, pouco acima dos R$ 8,717 bilhões de um ano antes, refletindo uma certa estabilidade ao longo de 2021.

Canais digitais

Na divulgação de resultados, o Bradesco destacou o avanço dos canais digitais, que foram responsáveis por 98% das transações realizadas pelos clientes. O Next, banco digital do grupo, atingiu 10 milhões de clientes. A produção de crédito por meios digitais já significa 30% da carteira, segundo o banco. No ano passado foram originados R$ 88,2 bilhões por esse meio, um crescimento de 36% em relação a 2020.

No crédito, a chamada carteira expandida totalizou R$ 812,66 bilhões em dezembro - expansão anual de 18,3%. As operações para pessoa física cresceram em um ritmo maior, de 23,2%, enquanto que para empresas foi de 15,3%.

“Com a acentuada aceleração das operações de pessoas físicas, principalmente financiamento imobiliário, cartão de crédito e crédito pessoal/consignado, proporcionada pela recuperação gradual dos negócios e flexibilização das restrições da pandemia, ultrapassamos a marca de R$ 800 bilhões no portfólio de crédito em 2021″, disse o banco.

Guidance

Para 2022, o banco espera um crescimento na carteira de crédito entre 10% e 14%, enquanto a expansão das despesas operacionais se situe no intervalo entre 3% e 7%. Para as receitas com serviços e tarifas, o banco projeta crescimento de 2% a 6%.

“Continuaremos a fazer mais com menos, apostar na eficiência, ser responsável e disciplinado com o orçamento. Nosso propósito será entregar um outro balanço saudável e relevante”, disse o presidente-executivo na nota. “Somos realistas, o cenário é adverso, mas sabemos navegar contra o vento e temos instrumental seguro para lidar com ele”, disse.